Acho que morri
Dr. Rosinha, ex-deputado federal
“Acho que morri.” Esta a curta frase eu disse para a minha assessoria, próximo ao final do mês de dezembro passado, no fim de 2014. Desde a primeira legislatura de que participei como deputado federal, em 1999, sempre no final do ano recebia enxurradas de cartões de feliz natal e próspero ou bom ou feliz ano novo. Este tipo de cartão e cumprimento recebia inclusive de alguns adversários, às vezes até inimigos (hipocrisia) políticos.
Também recebia rios de agendas e calendários e inúmeras lembranças e lembrancinhas. As agendas e calendários eram tantas que não sabia o que fazer. Saía distribuindo, mas nem todos queriam. Muitas, para não ter outro destino, viravam ‘caderno’ de (borrão) anotações. Desculpe-me pela sinceridade, mas o que fazer com agenda de papel se a maioria tem agenda eletrônica?
Recomendo às empresas, aos sindicatos, etc. que façam economia: deixem de distribuir agendas e inclusive calendários. Hoje, a grande maioria da população tem celular e não há um celular que não tenha calendário e agenda.
Mais raramente, recebia também uma ou outra cesta de natal, chocolate, ou garrafa de vinho. Mas o que mais gostava de receber eram livros e CDs. Recebi ao longo da minha vida de parlamentar excelentes livros e raros CDs, e muitos deles guardo como relíquias. Dentre os CDs há uma caixa que contém todas as gravações de Clementina de Jesus.
Abro um parêntese: muitos, principalmente jovens, não conhecem Clementina de Jesus, pois raramente é tocada nas rádios. Recomendo que procurem ouvi-la. Rainha Quelé, como era conhecida, carregava uma carga de cultura africana raramente encontrada em outra cantora e era dona de uma voz indescritível (por isso não descrevo). Gravou seu primeiro (LP) disco já com mais de 60 anos. Fecho o parêntese.
Volto ao tema: todas estas lembranças, lembrancinhas, presentes e cumprimentos eram oferecidos por empresas, ONGs, sindicatos e detentores de algum poder ou mandato como deputados, ministros, prefeitos, senadores e até vereadores. Toda esta lista de “presentes” o inocente pode imaginar que é dado de coração ou por verdadeiro desejo que realmente tenha um feliz natal e um bom ano novo. Não é bem assim.
A maior parte dos “presentes” é oferecido por interesse. Uma pequena parte dos presentes é dado de coração, reconhecimento e respeito. Já sabia que era assim, pois afinal por que um adversário ou inimigo político te desejaria bom ano novo se no novo ano terá eleição e você será concorrente dele, portanto tentará derrotá-lo ou ele te derrotará.
Tenho consciência de que ao longo da vida morremos muitas vezes. Algumas delas, somos nós que nos sentimos mortos, outras nos matam. Exemplo: quando alguém perde uma eleição logo há quem proclama: “o fulano morreu para a política. Depois dessa não ganha mais nenhuma”.
A declaração de morte ocorre em muitas outras oportunidades, como, por exemplo, na vida amorosa. Quando há uma ruptura de namoro e um dos lados declara: “você está morto(a) para mim”.
Abro outro parêntese:
Uma das melhores declarações de assassinato é do poeta Mario Quintana. Escreve Quintana: Da vez primeira em que me assassinaram, / Perdi um jeito de sorrir que eu tinha. / Depois, a cada vez que me mataram, / Foram levando qualquer coisa minha […]’.
Fecho o parêntese.
Acho que morri e foi de morte matada. Tenho absoluta certeza de que não foi suicídio. Assim como Quintana, houve a primeira vez que me assassinaram e provavelmente deram o atestado de óbito que sequer fiquei sabendo. Outras vezes tomei conhecimento e realmente levaram qualquer coisa de mim e então perdi um “jeito de sorrir que eu tinha”.
Desta vez morri de morte matada e cheguei a essa conclusão porque no final do ano passado não recebi a enxurrada de cartões e tampouco os rios de agendas e calendários. Não chegou a meia dúzia de livros, uma garrafa de vinho e nenhum CD. Recebi uma cesta de natal (de coração) de uma amiga.
Isto demonstra que a maioria dos presentes, lembranças e lembrancinhas que os portadores de mandatos recebem é por interesse. Como não fui candidato à reeleição e fiquei sem mandato, me mataram. Como das vezes anteriores, esta não será a última vez que me mataram. Como das vezes anteriores saio vivo, porém com um jeito novo de sorrir.
Faço das palavras do Rosinha, as minhas… Passei por tudo isso também! Tudo ilusão!! Interesses! Hipocrisia! Só acrescentaria, agente era INFELIZ e não sabia!!! Parabéns!
Só que tem gente que sabe aproveitar com muita apetite as benevolências do poder. Não é mesmo? Não é o caso do Dr. Rosinha. A gente conhece bem as diferenças entre belinatistas e petistas da gema…
teve sorte, alguns amigos sus vão receber um bracelete de platina,,,, e ficar num spa federal por um bom tempo….arrependa-se pecador e largue esta mrda do PT, antes que ele te largue numa cela.
Poxa, Cerveró, o seu xará foi indicado para a Área Internacional pelo PMDB e o operador do esquema era outro ligado ao PMDB, um tal de Fernando Baiano. Mas o grande esquema era administrado pelo PP – inclusive um pepista do PR, parceirão de Beto Richa, parece (99%) que recebeu dindim da Petrobras. Em resumo, se algum político for preso ou cassado (pouco provável já que o presidente eleito da Câmara também foi denunciado como beneficiário dos desvios da Petrobras), há grandes chances de que não seja petista.
INFELISMENTE NÃO MORRE , MAS ENTRA EM DEPRESÃO…