Não devemos dar bola para nossas certezas
Por Alvaro Ferreira
Estive pensando cá com meus botões que a “certeza” é uma convicção muito sedutora e confortável.
O problema é que ela nada tem a ver com a verdade.
Essa, que seria a melhor e mais próxima representação do real (e portanto algo sempre a ser melhorado), é aquela busca que pesquisadores e cientistas honestos realizam com humildade intelectual, prontos a corrigir seus erros e despir-se de conceitos prévios.
Quem compreende e valoriza a ciência sabe que a realidade nem sempre se apresenta como se espera, e que a verdade é inalcançável em sua completude. Por isso buscam uma aproximação da verdade, e levam em conta que cada aproximação traz novas facetas a serem desvendadas, novas realidades a serem compreendidas, novas verdades a serem buscadas ou elucidadas.
Assim, penso que o espírito da ciência é o que de mais importante deve-se aprender na escola. É esse espírito que nos ensina que a verdade – embora não seja subjetiva nem coisa da cabeça de cada um – é algo sempre difícil de se atingir.
A sociedade democrática – o Ocidente – desenvolveu-se com base nesse espírito, da busca da verdade e da consciência da falibilidade humana.
A “certeza” torna-se, então, uma convicção pessoal, uma vez que fatos que desconhecemos ou desprezamos podem nos levar a conclusões contrárias a ela.
Recentemente, compartilhei com alguns alunos uma matéria dessas revistas de divulgação científica que tratava desse assunto e de como ele adquiriu relevância na última década, graças aos confrontos cheios de convicções nas redes sociais.
A pesquisa mostrou que, quanto menos as pessoas sabem, mais certezas possuem sobre quase tudo.
Não à toa Sócrates, o maior de nossos filósofos desenvolveu a famosa máxima da sabedoria, segundo a qual o sábio é aquele que sabe que não sabe.
Minha sugestão, portanto, é que não devemos dar muita bola para nossas certezas, e investir nas incertezas. Elas podem trazer bons frutos e mais conhecimento. E certamente, novas dúvidas.
Alvaro Ferreira, jornalista, professor, publicitário
Isso aí funciona muito bem nos outros. Com certeza!
Eu também tenho hoje uma certeza,por 23 mil reais por mês ,até eu como o Carluxo.