Sobre os rojões de Londrina: evolução civilizatória

Por Christian Steagall-Condé

Os hospitais batem recordes seguidos de atendimentos de urgência nos Reveillons, de pessoas machucadas por fogos de artifício, indo de crianças à idosos, gerando uma sobrecarga desnecessária e inútil, por pura negligência, imperícia e imprudência, não raro, com sequelas para toda uma vida.


Eu mesmo tive ambos os tímpanos perfurados por um rojão explosivo de 13X1 (treze tiros, um canhão) que falhou miseravelmente à apenas 1m de altura de minha cabeça, onde todos os 14 detonaram ao mesmo tempo.
De todo modo, os costumes comemorativos usando rojões não foram proibidos como espetáculo, já que os Fogos Luminosos são muito mais exuberantes e artísticos visualmente, além de obrigatoriamente serem lançados de noite, amplificando ainda mais os cenários de felicidade e encantamentos.
Fogos explosivos agridem profundamente à mim, à pássaros, aos gatos, aos cães, aos saruês, aos morcegos, aos convalescentes, aos internados, às grávidas, aos bebês, aos que descansam, aos que dormem e aos que estudam, aos que produzem intelectual ou artisticamente.
Menos, é mais e menos do que uma “proibição” como pode parecer em uma primeira leitura, trata-se bem mais de uma evolução civilizatória, afinal de contas, vivendo em sociedade e com bairros cada vez mais densos de pessoas, o direito que alguém pode ter de esmurrar o nariz do outro, termina onde o nariz desse outro começa.
Respeito e consideração, nem deveriam ser objeto de lei, assim como usar cintos de seguranças, os quais, aliás, podem ser negligenciados por quem assim desejar bancar o durão e se achar dono de seu próprio nariz mas, ao menos, neste caso, sofrerá as consequências sozinho e sem envolver os outros com sua decisão francamente estúpida e suicida.

*Christian Steagall-Condé é arquiteto, artista plástico e professor

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4 Comments

  1. almeirão

    Na China tem?

  2. Alisson

    Nessa logica tbm se deve proibir o uso da faca pois machuca e dos carros porque matam. A experiencia em atendimentos de urgencia na cidade revela que sao poucos os acidentes hoje em dia, basta prudencia no manuseio, assim como ao manusear uma faca ou um carro. Na pratica os moradores irao ignorar essa lei e só os grandes eventos perdem. Foi-se os dias de alegria no café e do aguardado baile do havaí. Londrina esta ficando tao ruim, triste, cara e cada vez menos competitiva, uma pena q seu povo nao tem voz nem representatividade.

  3. Christian Steagall-Condé

    Alisson, você já esteve em algum hospital, no período do Reveillon ?
    Sua comparação com facas, é estúpida, pois trata-se de uma arma branca e você, por mais que queira, poderá no máximo se matar com ela ou matar outra pessoa mas nunca infernizar a vida de 1O.OOO pessoas que não estão nada afins de ouvir rojão, sob quaisquer pretextos, alegrias inclusas, especialmente, de noite.
    E caros eles só machucam -e matam- pessoas, nas mãos de estúpidos.
    E se as pessoas que você convive, elas estão ficando “tristes” porque não ouvem mais os estouros (os quais podem ser vistos, com Fogos Luminosos), melhor darmos facas para eles brincarem.
    Nenhum “grande evento” com gestores responsáveis, especificam fogos de artifício, só os retardados, se liga.
    Evolua, basta APENAS pensar nos outros, não custa nada, é 1OO% gratuito.

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