Por Marcus Gimenes
Como vocês estão acompanhando, o Banco Central continua mantendo a taxa Selic em 13,75%, é uma das mais altas dos últimos anos e isto está afetando seriamente a economia do país.
A taxa Selic, para quem não está habituado com o termo, representa os juros básicos da economia brasileira. Os movimentos da Selic influenciam todas as taxas de juros praticadas no país – sejam as que um banco cobra ao conceder um empréstimo, sejam as que um investidor recebe ao realizar uma aplicação financeira.
Ela é também uma das principais ferramentas usadas pelo Governo para controlar a inflação. Taxas altas inibem o consumo, desaquecendo a economia, em consequência, teoricamente, os preços caem e a inflação diminui.
O problema é sempre o equilíbrio. Economia retraída gera menos arrecadação de impostos e reduz a oferta de emprego.
E hoje nós estamos vendo isto enquanto ocorre uma disputa entre o atual governo e o Banco Central, que determina a taxa Selic.
Para este ano, a meta central de inflação foi fixada em 3,25% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Entendemos que esta meta é muito baixa, inclusive se compararmos com as metas estabelecidas em países desenvolvidos que têm menos oscilação de preços.
Diversos economistas do mercado e inclusive do próprio governo, defendem que a meta da inflação poderia ser um pouco maior, 4,5 a 5%, que seria mais próximo da realidade nacional e margem para o crescimento da economia.
Acontece que, para tentar cumprir esta meta de 3,25% o Banco Central continua mantendo altíssima a taxa Selic e isto tem afetado demais as empresas, pois o consumo caiu muito o que impacta diretamente nas indústrias que acabam reduzindo sua produção e o resultado disso todos conhecem.
E esta matemática continua piorando quando percebemos que fica impraticável buscar financiamentos nos bancos e mesmo no BNDES – que muitas vezes oferece juros maiores do que na rede bancária privada.
As indústrias precisam de reinvestimento constante em inovação, melhoria de processos e busca de novos mercados para continuar competitiva.
É notório no Brasil a falta de empenho dos governos em apoiar as indústrias. No entanto, com taxas de juros tão altas e por tanto tempo, estamos dando vários passos atrás.
É importante que seja resolvida rapidamente esta questão ou as consequências no médio prazo serão muito ruins para toda a economia.
MARCUS VINICIUS GIMENES é presidente do Sindimetal Norte PR