Com mais de 366 mil videoconferências, Justiça eleva produtividade na pandemia

No período em 1º de maio e 4 de agosto, o Poder Judiciário brasileiro realizou 366.278 videoconferências por meio da Plataforma Emergencial de Videoconferência para Atos Processuais, a maioria voltada para realização de audiências e sessões de julgamentos. O dado foi apresentado na sexta-feira (7/8), pelo presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. “O uso da videoconferência tornou-se vital para que a Justiça brasileira continue ativa e preste um serviço de qualidade à sociedade, que também está se transformando e demandando cada vez mais soluções desta natureza.”

A apresentação dos resultados ocorreu durante o seminário online “Trabalho remoto no Judiciário: resultados do uso da plataforma Webex”. A transmissão pelo canal do CNJ no YouTube foi acompanhada por mil pessoas.

A adoção de videoconferências pelo Judiciário ocorreu devido à necessidade de distanciamento social imposta pela pandemia do novo coronavírus.

Ao apresentar os resultados obtidos com o uso da Plataforma Cisco Webex pelo Poder Judiciário, o juiz auxiliar da Presidência do CNJ e coordenador do projeto, Bráulio Gusmão, destacou que, para a realização das mais de 366 mil videoconferências, foram criadas 19.616 salas de reuniões. “No dia 4 de agosto, registrou-se um recorde de 9.142 reuniões em um único dia. Os dados demonstram a aceleração exponencial do processo de transformação digital do Judiciário brasileiro.”

Os tribunais de Justiça estaduais foram responsáveis pela criação de 13.689 salas de reuniões, seguidos pelos tribunais regionais do Trabalho (TRTs), com 4.871, os tribunais regionais federais (TRFs), com 1.361, os tribunais regionais eleitorais (TREs), com 278, os tribunais superiores, com 52 salas, e os tribunais militares, com 62 salas. Gusmão também apresentou dados de uma pesquisa interna que ouviu três mil pessoas e revelou que a quase totalidade apontou a importância da ferramenta. “Houve um engajamento enorme dos servidores do Judiciário e do CNJ, inclusive com a criação de uma área para divulgação de boas práticas e troca de informações.”

Entre os relatos, Gusmão citou a avaliação de Filipe, servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), que relatou melhora no índice de participação das partes, vítimas e testemunhas nas audiências a partir do uso da ferramenta. “Muitas audiências que eram adiadas por dificuldade de comparecimento das pessoas aos fóruns tiveram esse problema superado.”

Experiências exitosas 

A possibilidade aberta pelo CNJ de utilização da plataforma Cisco Webex foi fundamental para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), conforme avaliou o presidente da Corte, desembargador Gilson Soares Lemes. Segundo ele, a ferramenta permitiu dar sequência aos atos processuais e ultrapassar 23 milhões de ações judiciais, com produção de mais de 1,1 mil sentenças e decisões judiciais. “Nesses quatro meses, produzimos mais atos que no mesmo período anterior à pandemia.”

Os resultados positivos proporcionados pelo uso da plataforma também forma destacados pelo presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), desembargador Adalberto Jorge Xisto. Ele informou que a Justiça estadual possui todos os processos em tramitação digital e que, nesse período de pandemia, registrou-se uma expansão de 40% na produtividade. “Devemos voltar gradativamente às atividades presenciais, mas preservando as videoconferências, que se mostraram eficientes.”

A presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministra Maria Cistina Peduzzi, também destacou que a plataforma Cisco Webex possibilitou ampliar a produtividade do TST, que encerrou o primeiro semestre deste ano com elevação de 2% no número de processos julgados e de 12% no volume de julgamentos em sessão, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Os participantes do encontro virtual apresentaram relatos no campo de comentários do YouTube durante o Seminário. O servidor Juraci Alves Gomes informa que a utilização do sistema na Comarca de São João Nepomuceno (MG) permitiu a realização de audiência de instrução em uma ação penal com três réus presos e a oitiva de quase 20 pessoas num mesmo ato. Já a servidora Neusa Ivani Passos contou sobre a realização de uma audiência coletiva relativa ao Artigo 28 da Lei de Drogas com a presença de 27 usuários. Segundo ela, o resultado superou o de uma audiência presencial.

Para o juiz auxiliar no CNJ, durante o período da pandemia, ficou claro que os juízes tornaram-se protagonistas no processo de transformação digital e os recursos de tecnologia deverão ser compreendidos como ferramentas estratégicas. “A tecnologia não representa oposição à humanização. Ao contrário pode ser utilizada para reforçá-la”, afirmou Gusmão. Ele enfatizou que a transformação digital é uma realidade irreversível do Judiciário, que começou muito antes da pandemia e continuará para muito tempo depois.

Jeferson Melo
Agência CNJ de Notícias

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Um comentário

  1. Edgar

    A qualidade dos julgamentos é inversamente proporcional à quantidade.

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