A sujeira de Kassio Nunes

por Catarina Rochamonte/Folha de São Paulo

Atendendo a pedido do PDT, o ministro Kassio Nunes concedeu uma liminar que desfigura a Lei da Ficha Limpa, permitindo que criminosos retornem mais rápido à vida pública, que fichas sujas com registro sub judice assumam cargos de vereador ou prefeito e que alguns dos primeiros condenados da Lava Jato possam disputar as próximas eleições municipais. Essa decisão espúria teve o aval do presidente Bolsonaro, que mostrou, aliás, comovente preocupação com os dissabores dos incompreendidos políticos ficha suja. Segundo Bolsonaro, “o pessoal fica na maldade”, reclamando porque não sabe como é a vida de um político.

O ministro Kassio Nunes foi indicado ao STF por causa da sua ficha de juiz garantista, anti-Lava Jato. Na sua ficha constavam também coisas como plágio de dissertação e falsificação de títulos, mas os senadores que o aprovaram após sabatina de comadres acharam o fato irrelevante. Relevante seria a sua subserviência ao presidente da República, em conformidade com o pacto de interesses e proteção mútua entre os três Poderes no qual os defensores da impunidade amarraram o país, transformando o Brasil em uma República de conveniências.

O ministro Kassio já proferiu outros votos bizarros para bem servir ao acordão da impunidade. No julgamento que poderia ter permitido aos presidentes da Câmara e do Senado uma reeleição inconstitucional, seu voto se sobressaiu pelo absoluto alinhamento aos interesses de Bolsonaro: votou para garantir a reeleição de Davi Alcolumbre e impedir a de Rodrigo Maia.

Sua atuação expõe também o fenômeno do Bolsopetismo: alinhado com Gilmar Mendes e Lewandowski, Kassio Nunes beneficiou Lula ao manter decisão que exclui a delação de Palocci em um dos processos contra o ex-presidente.

Como nada é tão ruim que não possa piorar, Bolsonaro, referindo-se a Kassio Nunes e à próxima indicação presidencial ao STF, antecipou, em live: “O outro que eu vou indicar é o padrão dele. Pode ter certeza disso”.

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Um comentário

  1. Carlos Marques

    Só pau-mandado do Moro pra achar legalidade na inclusão da delação premiada de Palocci em ação penal contra o Lula a seis dias do primeiro turno da eleição presidencial de 2018. O movimento no tabuleiro político pra derrubar o candidato petista, o professor universitário Fernando Haddad, feito pelo político travestido de juiz foi perfeito eleitoralmente. Bolsonaro ganhou a eleição e Moro virou ministro de Bolsonaro. Juridicamente a jogada de Moro não passa disso: uma jogada. O terreno que Palocci afirmava ser propina em benefício do Instituto Lula nunca passou de conversinha entre o delator e os caça-petistas do MP da república de Curitiba. Palocci não apresentou uma única prova pra acusação que fez contra o Instituto Lula. Como nunca houve uma prova de que Lula era dono do triplex que serviu para Moro condenar Lula. Tanto é verdade que a empresa em que hoje Moro atua sempre disse que o triplex era da OAS e não de Lula.

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