"Acabou a brincadeira. Não terá mais garimpo nas terras Yanomami", disse Lula
Em coletiva de imprensa realizada após sua reunião com o primeiro-ministro alemão Olaf Scholz, o presidente Lula (PT) anunciou, ontem, a assinatura de um decreto que aumenta a autoridade dos ministérios da Defesa e da Saúde, encarregados de enfrentar a crise humanitária que atinge a população das reservas indígenas Yanomami, para combater diretamente o garimpo ilegal na região. Lula também aproveitou a oportunidade para criticar o governo anterior, considerado por ele como responsável pela crise.
“Nós vamos tomar todas as atitudes para acabar com o garimpo ilegal. [Vamos] tirar os garimpeiros de lá e vamos cuidar do povo Yanomami, que precisa ser tratado com respeito. (…) Resolvemos tomar uma decisão: parar com a brincadeira. Não terá mais garimpo”, anunciou o presidente. As primeiras medidas apontadas por ele foram a proibição de sobrevoos na região, bem como a entrada de barcas de transporte de combustível.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de acordo com Lula, foi responsável pelo surto de fome, malária e outras doenças que atingem a população Yanomami. “Não é possível que alguém veja aquelas imagens que se viu, e que eu tive a oportunidade de ver sábado passado [21], e ficar quieto. Nós tivemos um governo que poderia ser tratado como um governo genocida, porque ele é um dos culpados por aquilo acontecer”, acusou.
A atividade garimpeira no Brasil é concentrada na Amazônia, que possui 91,6% da área nacional ocupada pelo garimpo entre 2010 e 2021, conforme estudo da MapBiomas. É considerado como a principal causa da crise Yanomami: a prática resulta na destruição de árvores, envenenamento por mercúrio nos principais rios da região e no acúmulo de água parada, que resulta na proliferação de mosquitos transmissores da malária.
O problema do garimpo é muito maior do que as pessoas imaginam. E junto com ele vem o crescimento de grupos e facções criminosas do sul e sudeste que expandem seus negócios ligados ao narcotráfico, que também estão envolvidos. Elis Regina já cantava e alertava que o Brasil não conhece o Brasil. Principalmente quando falamos da região norte e da Amazônia.
E pior ainda quando o garimpo ilegal, associado ao narcotráfico e ao crime organizado do contrabando do ouro, recebe apoio descarado de políticos no governo. Além de um ex-presidente que nunca escondeu seu desejo de acabar com os índios. Sorte desses indígenas que Bolsonaro foi defenestrado do governo. Imagine esses povos com o Bolsonaro mais quatro anos no governo…