Parece que o ditado “família em primeiro lugar” nunca fez tanto sentido. O ministro Gilmar Mendes, do STF, decidiu que o Tribunal de Contas do Paraná pode seguir adiante com o pagamento de quase R$ 15 milhões a Maurício Requião, irmão do ex-governador Roberto Requião. Afinal, quem disse que ser afastado por 13 anos do cargo é motivo para perder salários?
Maurício, que não exerceu a função de conselheiro entre 2009 e 2022, quer receber cada centavo do período em que esteve longe, mesmo tendo passado esse tempo “desempregado” em Itaipu e dando aulas como professor universitário. Mas, claro, não é qualquer mortal que pode simplesmente cobrar o salário de um emprego que não exerceu por mais de uma década — é preciso ser um Requião para isso.
A questão foi parar no STF, onde Gilmar Mendes, em um plot twist surpreendente, voltou atrás e decidiu que o caso não era problema da Suprema Corte. Enquanto isso, no TCE, a maioria dos conselheiros já se manifestou a favor do pagamento, argumentando que resolver isso de forma “consensual” seria mais barato. Uma generosidade digna de elogios—com o dinheiro público, é claro.
Vale lembrar que Maurício foi indicado para o cargo pelo próprio irmão quando era secretário de Educação do estado. Nepotismo? Coincidência? Apenas mais um caso de meritocracia à brasileira, onde o talento inquestionável do sobrenome certo sempre encontra seu caminho para o sucesso.
4 comentários
Brendon
mais uma da série pros amigos tudo…. pros inimigos o rigor da lei.
Anubian
Os guardiões da constituição e bastiões da defesa da democracia nunca desapontam.
Luiz Flavio
É a corrupção branca, difícil de condenar e colocar o cabra na cadeia. Não esqueça de dar uns caraminguas ao seu padrinho, o soltador oficial de contraventores.
Glaucia
São cargos vitalícios, uma excrescência incompatível com a vida republicana.
Talvez, por esse aspecto de vitaliciedade do cargo, é que acaba beneficiando Maurício Requião.
Absolutamente imoral, mas está dentro da legalidade.
É preciso acabar com os cargos vitalícios nos Tribunais de Conta do Brasil.
Recentemente, Camilo Santana e Wellington Dias, ambos Ministros do Governo Federal, nomearam suas respectivas esposas para o cargo de conselheiras do Tribunal de Contas em seus respectivos Estados no Nordeste.
ALGUM DEPUTADO FEDERAL SE CANDIDATARIA PARA ELABORAR UM PROJETO DE LEI QUE ACABE COM OS CARGOS DE CONSELHEIROS VITALÍCIOS DOS TRIBUNAIS DE CONTA DO BRASIL?