Jornalistas que investigam morte de Adriano da Nóbrega são detidos pela PM

Crédito: Mateus Pereira/GOVBA

do Congresso em Foco/Erick Mota

Dois repórteres da revista Veja foram detidos pela Polícia Militar enquanto investigavam a morte de Adriano de Nóbrega, o miliciano ligado a Flávio Bolsonaro que foi executado durante uma operação policial na Bahia. A revista publicou ontem uma matéria especial com as fotos da perícia do corpo de Adriano, as imagens, segundo dois médicos legistas ouvidos pela Veja, deixam em dúvida a versão da polícia de que teria havido troca de tiros.

Segundo publicou a revista em seu site, o repórter Hugo Marques e o repórter fotográfico Cristiano Mariz, estavam nesta sexta-feira (14) tentando localizar o fazendeiro Leandro Abreu Guimarães, que é o fazendeiro que abrigou Adriano e foi uma das últimas pessoas a vê-lo com vida. Enquanto procuravam a testemunha, duas viaturas da Polícia Militar da Bahia cercaram o veículo em que estavam e com armas em punho, os policiais deram ordem para que eles descessem do carro.

Mesmo após fazer a revista e identificar os profissionais de imprensa, a polícia os ordenou que seguissem as viaturas até a delegacia. Chegando lá, os repórteres voltaram a ser questionados sobre o motivo de estarem na cidade.

O gravador foi devolvido e os jornalistas foram obrigados a ficarem mais 20 minutos dentro da delegacia, até que foram liberados. Ainda segundo a matéria da revista Veja, a polícia argumentou que os jornalistas foram levados até a delegacia por estarem “parados em frente à residência de uma testemunha desse caso aí”.

revista Veja obteve as imagens de autópsia do corpo de Adriano de Nóbrega e levou até o médico legista Malthus Fonseca Galvão, professor da Universidade de Brasília (UnB) e ex-diretor do Instituto Médico Legal do Distrito Federal. “Pode ter sido uma troca de tiros? Pode. Pode ter sido uma execução? Pode. Qual é o mais provável? Com esse disparo tão próximo, o mais provável é que tenha sido uma execução”, disse o médico a revista.

A reportagem questiona se foi troca de tiros ou queima de arquivo. “Participaram cerca de setenta homens equipados com fuzis, carabinas, pistolas, revólveres, espingardas, bombas de gás, drones, coletes e escudos à prova de bala — aparato que conseguiu cercar o ex-capitão em seu esconderijo, sozinho, seminu, supostamente armado apenas com uma pistola e, ainda assim, foi incapaz de prendê-lo. Incompetência ou queima de arquivo?”, questiona a revista.

No corpo de Adriano foram encontradas marcas vermelhas próximas da região do peito que indicariam um tiro a curta distância. “O que é a curta distância? Depende da arma e da munição. Seriam 40 centímetros, no máximo, imaginando um revólver ou uma pistola. Mais que isso, não”, disse o médico legista à Veja. (leia mais)

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3 Comments

  1. Esquilo

    Que história cabulosa hein?

  2. Observador

    É impressionante como o brasileiro gosta de passar a mão na cabeça de funcionário público corrupto. O policial e o servidor devem estar sujeitos ao mesmo tipo de lei. Só no Brasil.

  3. Satanás

    Vamos ver se vai aparecer jornalista corajoso pra destrinchar essa história que ainda tem muito a revelar. Provavelmente o primeiro fato a ser revelado é que a polícia da Bahia e a do Rio de Janeiro estão acima de seus governadores. Não há um único motivo que indique que a morte do miliciano interessava a qualquer um dos dois governadores, com certeza absoluta, A esperança agora é que algum setor da Polícia Federal entre, mesmo contra a vontade do ministro bolsonarista Moro, de sola no desvendamento do que realmente está por trás do assassinato do miliciano. Agora a PF sentiu de perto o que é a milícia carioca. Afinal foram milicianos que mataram um policial federal e fizeram outro se esconder numa casa para não ser morto também. E não adianta os robôs e a milícia bolsonarista continuarem essa bobagem de relacionar o governo da Bahia com a morte do ex-prefeito petista Daniel que, aliás, foi vítima de crime comum.

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