PF faz busca e apreensão na casa da senadora Rose de Freitas

do Elimar Cortez

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (12/05) a Operação Corsários, com o objetivo de investigar uma organização criminosa que atuava na Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) entre os anos de 2015 e 2018, direcionando certames e desviando recursos públicos dos contratos firmados com as prestadoras de serviços. A operação foi autorizada pelo ministro Kássio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF) e um dos alvos foi a residência da senadora Rose de Freitas (MDB), no bairro Fradinho, em Vitória.

Foram cumpridos dois mandados de prisão temporária e 10 mandados de busca e apreensão em residências e empresas nos municípios de Vitória, Cariacica e Serra; e em Brasília. O STF também determinou o sequestro de bens e valores. Um dos investigados foi preso em flagrante pelo crime de porte ilegal de armas.

A operação contou com a participação de 44 policiais federais. A Operação Corsários teve início com o recebimento de denúncia de exigência de vantagens ilícitas por servidores da Codesa em contrato de locação de veículos. De acordo com a Polícia Federal, o grupo teria desviado mais de R$ 9 milhões em contratos de licitação da Codesa.

Logo pela manhã, os policiais federais chegaram à casa de Rose de Freitas. Lá, eles recolheram computadores e documentos. Não havia ninguém na casa da senadora quando os policiais chegaram para cumprir a ordem do STF. Vizinhos disseram, no entanto, que Rose de Freitas quase não frequenta a residência, que recebe a visita de um funcionário dela todos os dias para fazer limpeza.

As apurações revelaram a existência de uma verdadeira organização criminosa infiltrada na empresa pública, por meio da indicação de pessoas de confiança do grupo para postos chaves, permitindo dessa forma a interferência nos certames, o superfaturamento e desvio dos valores pagos nos contratos subsequentes.

Para receber os recursos desviados, o grupo investigado utilizava um escritório de advocacia, responsável por simular a prestação de serviços advocatícios para lastrear a movimentação dos valores. As investigações revelaram ainda que a lavagem do dinheiro ilegal também acontecia por meio da compra de imóveis de luxo e do pagamento de despesas pessoais dos envolvidos.

Existem ainda indícios de fraudes em contratos firmados com outras empresas no mesmo período. Os fatos investigados ocorreram entre os anos de 2015 e 2018. A investigação contou com a colaboração da atual gestão da Codesa, que em auditoria realizada estima que somente em dois dos contratos auditados a organização criminosa pode ter desviado cerca de R$ 9 milhões.

Os mandados de prisão temporária e busca e apreensão foram expedidos pelo STF, em razão do indício de envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro, que é o caso da senadora Rose de Freitas. As investigações da Polícia Federal apontam que os crimes teriam sido cometidos pelo grupo criminoso justamente no período – 2015 a 2018 – em que a senadora Rose de Freitas era a dona de 10 cargos na Codesa, entre os governos da presidente Dilma Houssef (PT), que sofreu impeachment, e Michel Temer (DMDB), sucessor da petista. Leia mais

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