Saiba como pensa Arthur Lira, o novo presidente da Câmara

do G1

Líder dos partidos do Centrão, que fazem parte da base do governo, o deputado Arthur Lira (PP-AL) foi eleito na noite de ontem o novo presidente da Câmara pelos próximos dois anos. O candidato de Jair Bolsonaro liquidou a disputa em 1º turno, com apoio de mais da metade dos deputados. O resultado é uma vitória política do presidente, que tem agora um aliado importante no comando da Casa Legislativa.

Saiba a seguir quem é Arthur Lira e como pensa o novo presidente da Câmara em alguns temas, como estratégia de enfrentamento da pandemia, prorrogação do auxílio emergencial e os pedidos de impeachment contra Bolsonaro:

Perfil

Natural de Maceió, Arthur César Pereira de Lira tem 51 anos, é casado e possui cinco filhos. Formado em direito pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), é empresário, advogado e agropecuarista.

Atualmente no PP, já foi filiado ao PFL (atual DEM), PSDB, PTB e PMN. Filho do ex-senador Benedito de Lira (PP), iniciou a carreira política como vereador em Maceió, foi deputado estadual em Alagoas, e é deputado federal pelo estado desde 2011. Em 2018, foi o segundo mais votado de Alagoas, com 143.858 votos.

Na Câmara, foi seis vezes líder do PP. Também comandou um bloco que, no ano passado, contava com mais de 200 parlamentares de partidos do “Centrão”, além do MDB e do DEM.

Em 2015, foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Em 2016, comandou a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional. Os dois colegiados são espaços de prestígio no Parlamento: pela CCJ, passam todas as propostas em tramitação na Câmara, já a CMO é responsável por definir as despesas prioritárias do governo federal.

No ano passado, foi um dos articuladores da aproximação do Planalto com o Centrão, que virou base aliada do Executivo na Câmara. Apesar de hoje estar alinhado a Bolsonaro, nem sempre foi assim. Em 2019, chegou a publicar em uma rede social que o governo precisava “entrar em sintonia com a real necessidade da população e deixar de lado a pauta de costumes e polêmicas”.

Lira foi eleito com o apoio de 11 partidos: PP, PL, PSD, Republicanos, Avante, PROS, Patriota, PSC, PTB, PSL e Podemos.

Veja abaixo os assuntos considerados prioritários por Lira e como pensa o deputado em outros temas:

Prorrogação do auxílio emergencial

Desde que lançou sua candidatura, Lira tem dito que vai priorizar a votação da chamada PEC Emergencial, que ativa gatilhos para impedir o excessivo endividamento do governo.

Só com a aprovação da PEC, segundo Lira, poderá ser discutido um novo benefício social para os brasileiros ou a ampliação do auxílio emergencial, pago em razão da pandemia do novo coronavírus.

Em seu 1º discurso como presidente da Câmara, o deputado afirmou que irá procurar o também recém-eleito presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para articular a votação da pauta emergencial.

“Irei propor ao novo presidente do Senado, neste caso já eleito também, o senador Rodrigo Pacheco, de Minas Gerais, a quem parabenizo, uma ideia geral, que chamo de pauta emergencial, vejam bem, pauta emergencial, para encaminharmos os temas urgentes”, afirmou.

Em outras ocasiões, Lira já disse que não tem como propor ‘solução a curto prazo’ para substituir auxílio emergencial. O deputado, no entanto, tem defendido que novas despesas devem respeitar o teto de gastos, assim como prega a equipe econômica do presidente Bolsonaro.

Em seguida, a intenção dele é colocar em votação as reformas administrativa e tributária.

Vacinação contra a Covid

Em discurso no plenário, Arthur Lira diz: 'A Câmara tem que ser de todos'

Em discurso no plenário, Arthur Lira diz: ‘A Câmara tem que ser de todos’

Também no 1º discurso, Lira defendeu a vacinação da população contra a Covid-19.

“Temos que examinar como fortalecer nossa rede de proteção social. Temos que vacinar, vacinar, vacinar o nosso povo. Temos que buscar o equilíbrio das nossas contas públicas”, disse o deputado.

Durante a campanha, defendeu a distribuição de vacinas aprovadas pela Anvisa, mas chegou a se manifestar contra a obrigatoriedade.

“Acredito que vamos ter ótima adesão à campanha de vacinação. Defendo que qualquer vacina aprovada pela Anvisa seja disponibilizada. Mas toda vacina tem sua restrição e não deve ser obrigatória porque pode ter contraindicações para algumas pessoas conforme as indicações dos laboratórios produtores e as pesquisas.”

Atuação do governo Bolsonaro na pandemia

“Temos que priorizar vidas, sem dúvida. Estamos diante de 200 mil que morreram da doença. Nesse cenário triste, somamos os que tiveram piora na sua vulnerabilidade social e uma economia que pôs em risco a renda de outros. É fácil criticar. A gente tem que ajudar, ser crítico, duro e proativo quando precisa, mas não defensivo e sabotador. Vamos fazer parte da solução e da fiscalização.”

Pedidos de impeachment de Bolsonaro

“Impeachment não é pauta de candidato a presidente da Câmara. Esse assunto será tratado no momento oportuno, se tiver necessidade, com a composição da Câmara. O presidente atual tem cerca de 50 pedidos de impeachment e não pautou nenhum. Portanto, essa pergunta tem que ser feita ao atual presidente da Câmara.”

Atuação do governo Bolsonaro na pandemia

“Temos que priorizar vidas, sem dúvida. Estamos diante de 200 mil que morreram da doença. Nesse cenário triste, somamos os que tiveram piora na sua vulnerabilidade social e uma economia que pôs em risco a renda de outros. É fácil criticar. A gente tem que ajudar, ser crítico, duro e proativo quando precisa, mas não defensivo e sabotador. Vamos fazer parte da solução e da fiscalização.”

Legislação do aborto

“A decisão [de pautar] não depende do presidente da Casa. Deve ser atribuição do colégio de líderes. Com o apoio da maioria, qualquer assunto pode ser pautado. Os deputados e deputadas são os representantes da população e conhecem suas localidades e seu eleitorado. Assim, temas que estiverem amadurecidos na sociedade serão levados a plenário.”

Pautas de costumes e porte e posse de armas

 

Arthur Lira: ‘A Câmara vai sair do eu para entrar na época do nós’
Arthur Lira: ‘A Câmara vai sair do eu para entrar na época do nós’

“Muito embora, por tradição, seja o presidente que leve as pautas ao plenário, para que seja construída com democracia, com soberania e diálogo, elas devem passar antes pela aprovação do colégio de líderes. Não cabe a mim, se eleito, fazer a pauta do Brasil ao meu gosto, como fez o presidente atual. Qualquer projeto, seja de direita, de centro, de esquerda, seja econômico ou social, que estiver amadurecido na sociedade brasileira e que contar com a maioria da aprovação no colégio de líderes, será pautado automaticamente, e o resultado será democraticamente resolvido no plenário. O papel do presidente é estar ao centro do plenário, olhando para os dois lados e conduzindo com absoluta isenção os trabalhos legislativos.”

Atuação do governo em relação a desmatamento

“A gestão ambiental é importante para o país. O papel da Câmara é trazer opiniões diversas para firmar bases para propostas. O Brasil é reconhecido pela diversidade de fauna e flora e pela extensão de áreas de floresta e proteção. Cuidar da agenda ambiental é estar atento ao nosso patrimônio e cuidado com a população e a herança para as gerações futuras. É possível conciliar a agenda ambiental com a de desenvolvimento econômico e social.”

Excludente de ilicitude

“A Câmara é um Poder independente e não pode sofrer interferências de outros poderes. Perguntam sobre pautar temas de interesse deste ou daquele segmento. Minha visão é que o presidente da Câmara é um guardião da soberania do plenário. Sua função é fazer a discussão e o debate acontecer. Isso vale para todos os temas, inclusive o excludente de ilicitude.”

Pautas econômicas prioritárias

“Precisamos aprovar reformas estruturantes. O Orçamento 2021 estará na mesa logo no início dos trabalhos legislativos. Acredito que a PEC Emergencial virá em seguida, pois também trata de problema orçamentário. Temas como a reforma tributária precisam ser debatidos. Outro projeto que pode avançar no primeiro semestre é a reforma administrativa.”

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Um comentário

  1. Décio Paulino

    O primeiro ato do ex-soldadinho do Cunha foi ferrar o PT e os outros partidos que tinham formado um bloco parlamentar. Ótimo para o PT! Pra quem enfrentou a ditadura militar, é vitamina ter de lutar contra o Bolsonaro e seu chefe(duplo sentido intencional!) na Câmara Federal. Quanto ao Bolsonaro, que nunca passou de um membro irrelevante do Centrão, agora vai ter de enfrentar o atual líder desse grupo político de laia bem conhecida por todos. Na realidade, o “general” do Centrão vai logo-logo pôr as mangas de fora e vai mostrar pro presidente-fake que ele tem mais poder do que todos os generais verde-oliva que compõem o governo.

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