80 anos de Oswaldo Diniz: livro celebra a vida e obra do agitador cultural

Programa Ala Jovem – Marta Santos, Alvaro Dias, Oswaldo Diniz, Luciano Musetti, Daniel Martinon, Jose Makiolke e Edson Diniz

Da Assessoria

Apresentador de rádio e TV, ator, diretor de teatro, colunista, designer gráfico e jornalista. Um multimídia inquieto, o talentoso Oswaldo Diniz exerceu todas essas e ainda outras atividades em Londrina nas décadas de 1960 e 1970, impregnando a memória de muitos que viveram a efervescente cena cultural da cidade naquele período.

Para reviver sua história, os jornalistas Felipe Melhado, Gabriel Daher e Teixeira Quintiliano decidiram escrever o livro Vou Lá e Faço – a vida-obra de Oswaldo Diniz, que conta com o patrocínio do PROMIC – Programa Municipal de Incentivo à Cultura. Para a produção do livro, os autores realizaram entrevistas com pessoas que conviveram ou foram influenciadas…

Trajetória

Nascido em 30 de abril de 1940 na cidade de Paraguaçu Paulista (SP), Oswaldo Diniz completaria 80 anos de idade na próxima sexta-feira. Sua chegada em Londrina, para onde a família havia se mudado pouco antes, aconteceu no ano de 1965. Na cidade do Norte do Paraná, ele se tornou uma espécie de celebridade local em razão de sua atuação no rádio e na televisão. Na rádio Alvorada, apresentou uma série de programas como Brotos Somente Brotos, Disc-Jockey, Vitrola Mágica e É Disco Que Eu Gosto; e na TV Coroados (RPCTV), dirigiu e atuou em Aquele Que Contava Histórias (uma experiência local de teleteatro, com peças encenadas ao vivo), Bossa Total e o memorável Ala Jovem, uma versão local da Jovem Guarda.

No teatro, Diniz dirigiu montagens como Revolução na América do Sul, de Augusto Boal, e O Assalto, de Zé Vicente. Estes trabalhos, feitos com estudantes do Grupo de Teatro da Faculdade de Medicina, levaram em 1968 e 69 os prêmios de Melhor Peça nas duas primeiras edições do Festival Universitário de Londrina – uma mostra competitiva que, mais tarde, daria origem ao FILO.

No início da década de 1970, Diniz ainda trabalharia na Folha de Londrina, onde começou como designer gráfico. Em pouco tempo acumulou também as funções de jornalista e colunista, criando o Caderno 3, suplemento cultural que seria o embrião da atual Folha 2. Diniz chocou os leitores mais pudicos da província ao publicar, na capa desse suplemento, fotos de nus masculinos – feito que quase culminou com sua demissão da Folha. Antenado com o que acontecia nas artes no Brasil e no mundo, em sua coluna É Isso Aí!!?, Diniz resenhava lançamentos de discos, filmes, livros e peças de teatro, escrevendo textos curtos, bem-humorados, mas muitas vezes impiedosos com seus alvos.

Por sua atuação como apresentador de programas de rock e seu envolvimento com o teatro dito “subversivo”, de vanguarda, Oswaldo Diniz acabou sendo associado aos movimentos transgressores da juventude, que revolucionava os costumes em todo o mundo nos anos 1960 e 70. No entanto, a partir de certo período,ele próprio começou a enxergar a contracultura com certo ceticismo, duvidando de sua capacidade transformadora. Por outro lado, por não se engajar com a militância mais ortodoxa em plena ditadura militar, Diniz foi bastante criticado por alguns intelectuais de esquerda da cidade. Mas a sofisticação do trabalho e o apelo pop sempre garantiram a ele um grande reconhecimento do público em Londrina.

Ainda nos anos 1980, Diniz se mudou para São Paulo, onde trabalhou em agências de comunicação por uma década. Voltou a Londrina em 1983, onde abriu o bar Pão, Filé & Cia.

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