Batom na Cueca que nem Mãe Dinah advinharia
Coluna Carlos Brickmann
Ao contrário da História, que acontece como tragédia e se repete como farsa, a mentira acontece e se repete como farsa trágica. A história da prisão dos amigos de Temer (que, pelo jeito, logo não terá nem com quem comentar A Família Adams) é exemplar: foi detida uma das donas da empresa portuária Libra; foi detido o advogado José Yunes, suspeito de fazer a ponte entre as portuárias e seu amigo Temer; foi detido um dos donos da Rodrimar, outra portuária. Há investigações sobre eles, mas há uns vinte anos se ouvem histórias sobre as boas relações entre Temer e o porto. O alvo não é só Temer, em fim de carreira.
Há a Odebrecht, sempre ela. E quem assinou a lei que beneficia a Odebrecht, Dilma Rousseff.
A história real começa lá por 2003, quando a Coimex comprou uma área fora do porto para erguer um terminal. Era ilegal: terminal, só em área de portos. A Coimex, com problemas, vendeu o terreno à Odebrecht, que não deu bola para a ilegalidade. Construiu um terminal de contêineres, o Embraport, sem investir um centavo: o financiamento foi do FI-FGTS, estatal, com os menores juros do país, no máximo 3% ao ano, e do BID, internacional, com garantia do Governo. Total, como levantou o repórter Cláudio Tognolli: R$ 1,8 bilhão, mais US$ 768 milhões, numa obra que não podia ser usada. Inaugurou o terminal em julho de 2013. E só em setembro Dilma assinou a lei que autorizava portos em terrenos privados.
Os fracos e os fortes
Os envolvidos no enredo atual, parte dos últimos amigos ainda soltos do presidente Temer, são uma parte do alvo. A outra parte, bem mais interessante, é saber como a Odebrecht conseguiu dinheiro oficial, a juros de amigo, para construir uma obra fora da lei: e como é que o Governo, sabendo que a obra estava fora da lei, garantiu o empréstimo internacional. E quem foi o gênio da bola de cristal que adivinhou que a lei regularizando terminais em terrenos fora do porto sairia tão pouco tempo depois que aquele terminal ficasse pronto. Mãe Dinah perde de 7×1!
A Operação Lava Jato mostrou que a Odebrecht tinha pago, por favores na área em que estava interessada, propinas de R$ 137 milhões.
Mas seria maldade atribuir a isso a coincidência na assinatura da lei por Dilma com a data da conclusão do terminal. Tudo não deve ter passado de coincidência.
A Itau Seguros foi contratada pela prefeitura de Londrina para fazer a cobertura de ônibus escolares e os responsáveis são dois corretores de seguros de São Paulo, capital – Neide de Oliveira Souza e Eduardo Fraguas Kozma.
Chama a atenção o valor unitário – R$ 4.788,00 por ônibus Volare (total R$ 9.576,00) e R$ 1.726,66 pelo ônibus VW 15190. A prefeitura de Céu Azul contratou em 2015 (mesma época do mesmo pregão) seguros para ônibus Volare – https://bit.ly/2GtLDkM – ao preço de R$ 530,64 e outro a R$ 931,96 da Esser Seguros, através de uma corretora de Matelândia.
SEGUNDO TERMO ADITIVO – CONTRATO Nº SMGP-0329/2015 PROCESSO ADMINISTRATIVO LICITATÓRIO N° PAL/SMGP- 0203/2015 MODALIDADE/Nº: PREGÃO PG/SMGP- Nº 0147/2015 CONTRATADA: ITAU SEGUROS DE AUTO E RESIDENCIA S.A.
REPRESENTANTES: NEIDE OLIVEIRA SOUZA E EDUARDO FRAGUAS KOZMA CNPJ: 08.816.067/0001-00
OBJETO: É objeto do presente aditamento a prorrogação contratual por mais 12 (doze) meses, ou seja, de 10/12/2017 até 10/12/2018, com fulcro no Art. 57, inciso II da lei 8.666/93, e previsão no contrato SMGP-0329/2015 na cláusula sexta.
§2º. Ficam convalidados os atos praticados desde 10/12/2017 até a data de assinatura do termo aditivo nos termos do despacho da Secretária Municipal de Educação no Despacho Administrativo nº 11.102/2017 (0864251).
PROCESSO SEI Nº: CONTRATO 0329/2015 (19.008.002127/2016-97); 2º TERMO ADITIVO (19.008.067023/2017-17). DATA DE ASSINATURA: 07/03/2018.
O Vai ajudar Jamil (VaJ) está querendo atrapalhar a vida da tia Maria? VaJ, a tia que comanda a secretaria da Educação está implantando o que ela aprendeu no CLP/Harvard/EUA. Sacou?!? Ela deve ser bem craque nesse negócio de gestão. Afinal de contas ela aprendeu com os gringos. Sacou?!? E até acho que a tia Maria Tereza está bem coerente com sua liderança na RAPS. Ao despachar favoravelmente esse gordo aditivo, ela pôs em ação a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade. No caso, sustentabilidade do Itaú e dos dois corretores que devem ter sido premiados com uma gorda comissão. Agora, sem brincadeira, esse negócio não merece ser examinado pelo MP?
Quanto esforço do golpista para enfiar a ex-presidente Dilma numa história que não tem nada a ver com ela. A não ser que ela sofreu impeachment exatamente por enfrentar a turma da dupla Temer/Cunha na questão portuária. Esse Brickmann e o citado repórter Cláudio Tognolli (esse antipetista que destila seu ódio ao Lula e ao PT com o apoio da rádio JovemPan), no afã de defender Temer e seu governo golpista, passa longe do real problema na justiça de Temer seus amigos, que é o apoio escandaloso ao Grupo Libra e à Rodrimar. Aliás, segundo o ministro do STF, Barroso, apoio criminoso. Os golpistas precisam melhorar a qualificação de seus porta-vozes. Só enganam coxinhas trouxas, ou melhor, trouxinhas. KKKKKKK