Bendine, presidente do BB, e o Porsche Cayenne, de Val Marchiore - sempre ela
da Folha de São Paulo
A socialite Val Marchiori, amiga do presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, obteve autorização do Banco do Brasil –quando o executivo presidia a instituição– para usar parte de um financiamento de caminhões para comprar um carro de luxo.
Conforme a Folha revelou, o BB driblou regrasinternas para conceder R$ 2,79 milhões à Torke Empreendimentos, empresa registrada em São Paulo pela socialite.
Os recursos, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), eram subsidiados pelo governo a juros de 4% ao ano.
Em abril de 2013, o BB aprovou limite de crédito de R$ 3 milhões para a Torke para a compra de cinco caminhões. Em agosto, o BB liberou o dinheiro, mas o valor da aquisição ficou abaixo do limite, em R$ 2,79 milhões.Segundo documentos obtidos pela Folha, meses depois, Marchiori pediu para ampliar e usar o valor restante do limite de crédito, em torno de R$ 200 mil, para comprar um carro de passeio.
Em fevereiro de 2014, o BB aprovou o pedido, e a socialite comprou um Porsche Cayenne S 2014 branco, avaliado em R$ 400 mil. Apenas o IPVA deste ano ficou em R$ 14.114.
Segundo a Folha apurou, o BB não costuma autorizar o uso de “sobras” de limite de crédito para finalidades distintas do objeto do financiamento. Nesse caso, a socialite poderia comprar outro caminhão ou peças de reposição, por exemplo, mas não um automóvel de passeio.
Procurado, o BB se recusou a responder a uma série de perguntas encaminhadas. O banco não informou qual foi a linha de crédito usada, a taxa de juros e nem se financiou o valor total do veículo.
O banco disse que o financiamento não empregou recursos do BNDES e que a empresa de Marchiori opera com o BB “nas linhas necessárias para condução dos seus negócios”. O Porsche, contudo, é usado para fins pessoais.
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Documento comprova que Porsche foi financiado com financiamento pelo Banco do Brasil |
LUXO E RIQUEZA
A socialite exibe seus carros como símbolos de luxo e riqueza. Em entrevista ao site iG, ela disse que é “mais fácil chorar” no seu “Porsche do que num Fusca”. A Folha fotografou Val dirigindo o automóvel, na tarde de segunda-feira (4), pelos Jardins, bairro nobre de São Paulo.
Erica de Lima Silva, uma das analistas do BB que avaliou a operação, constatou que havia restrições para a concessão do crédito para a Torke. Em um dos relatórios da operação, ela fez a ressalva, mas mesmo assim opinou pela liberação dos recursos.
A operação é alvo de inquérito da Polícia Federal, aberto a pedido do Ministério Público Federal em São Paulo.
Bendine e Val são amigos. A socialite hospedou-se no mesmo hotel em que ele duas vezes, durante missões oficiais do BB. Uma na Argentina, e outra no Copacabana Palace, no Rio, ambas em abril de 2010. Bendine disse que a estadia nos mesmos hotéis, nas mesmas datas, foram somente coincidências.
Sempre ela… e sempre a mesma história. Por enquanto, o Ministério Público Federal não conseguia provar em nenhuma instância judicial que houve ilegalidade na operação. Aliás, o Ministério Público de São Paulo, onde corre a ação envolvendo a chata da Val Marchiori, não mostra o mesmo desempenho na investigação de desordens com dinheiro público quando praticadas pelos tucanos. Que, neste caso, também é a mesma história… desde Covas!