Beto Richa: que a Justiça seja feita

Por José Antonio Pedriali

Reeleito em 2014 no primeiro turno com votação estrondosa, o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) inicia a campanha rumo ao Senado na incômoda condição de defender-se de delações e de uma condenação em segunda instância.

A vitória esmagadora sobre dois adversários de peso – Roberto Requião (MDB) e Gleisi Hoffmann (PT) – cacifou Richa para disputar a Presidência da República, mas logo no início do seu segundo mandato uma sucessão de acontecimentos derreteu sua popularidade. Entre eles, o pacotaço fiscal e o confronto no Centro Cívico entre policiais militares e ativistas de esquerda disfarçados de professores – confronto deflagrado por estes ao tentar invadir a Assembleia Legislativa e sublimado pela truculência da polícia.

Richa foi isentado de responsabilidade pelo excesso policial e o forte ajuste fiscal que praticou impediu que o Paraná trilhasse o caminho que levou ao precipício vários estados. O Paraná é apontado como um dos estados com melhor situação fiscal – suas contas estão em dia e o pagamento do funcionalismo idem, que ademais teve aumento real de salário.

E a política de atração de investimentos do governo Richa colocou o estado na segunda colocação entre os mais competitivos. A recuperação industrial, líder no país, atesta o ambiente saudável da economia paranaense. Ressalte-se que o ajuste fiscal foi necessário por dois motivos. Um: a crise econômica provocada pelo governo Dilma Rousseff, agravada pelo boicote de Requião e Gleisi à concessão de um empréstimo para obras de infraestrutura em andamento. Dois: a dívida de R$ 4 bilhões herdada de seu antecessor Requião.

Entre os feitos do governo Richa estão investimentos de porte em infraestrutura (Copel e Sanepar na ponteira); a solução do imbróglio jurídico com as concessionárias de rodovias criado por Requião, o que permitiu duplicações, contornos e obras de arte; o reequipamento da polícia; a construção de IMLs, construção e reforma de hospitais públicos e apoio e institucionalizado aos filantrópicos.

E eis que, no meio do caminho, surgiram as pedras das delações e o buraco de uma condenação. Esta, referente a um fim de semana em Paris como escala de viagem oficial a Pequim. Trata-se de uma irregularidade administrativa, que dividiu os desembargadores – 3 x 2 –, pode ser revertida em terceira instância e não compromete a elegibilidade de Richa. Sua defesa alega que a escala na capital francesa resultou em economia no custo da viagem. Seja como for, é um pecadilho se comparado à gravidade de outras acusações.

Na Operação Publicano, que desbaratou um amplo esquema de corrupção na Receita Estadual a partir de Londrina, Richa foi acusado de partilhar do butim e ter sua campanha financiada em parte por fiscais corruptos. Na Quadro Negro, de ter se beneficiado dos desvios milionários da construção e reforma de escolas. E ainda, por ter direcionado uma licitação rodoviária para a Odebrecht em troca de doação para a campanha de reeleição. As três acusações são, guardadas as devidas proporções, tão frágeis quanto a que o responsabilizou pelo desvio de R$ 100 mil, quando prefeito de Curitiba, destinados à construção de um posto de saúde.

A Justiça acatou a denúncia, mas o MP recomendou sua absolvição, já que a funcionária corrupta foi demitida e responde a processo judicial movido pelo município. Richa não teve nada a ver com o pato. Nas três frentes em que é investigado, a principal e exclusiva fonte de acusação são os réus, que baseiam a delação no testemunho desacompanhado de prova, procedimento que o STF tem desqualificado na abertura de investigação ou condenação – assim como aconteceu com Gleisi, inocentada da acusação de receber R$ 1 milhão desviado da Petrobras para sua campanha ao Senado.

Gleisi e Requião sentem-se consolados com o cerco a Richa, o algoz de ambos quatro anos atrás. A petista teve a reeleição ao Senado inviabilizada por sua defesa histérica de Lula e outros criminosos do PT e pela acusação de envolvimento em outros crimes em conluio com o companheiro Paulo Bernardo. Requião pretende se reeleger mas enfrenta forte rejeição por sua proximidade com a cúpula petista e seu líder encarcerado.

O eleitor paranaense terá que optar se alegrará esses dois, negando o mandato a Richa, ou escolherá para o lugar de um deles um ex-governador operoso bombardeado por acusações sem prova. A invocação da norma básica do Direito se faz obrigatória: In dubio pro reo. Que a Justiça seja feita nas urnas e nos tribunais.

José Pedriali é jornalista e escritor

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9 Comments

  1. antonio chageas

    Enfim, uma análise sóbria e consistente sobre o ex-governador Beto Richa

    1. Ricardo

      A ta. Texto patético, típico de pelego, deve ser comissionado.

  2. Mokvwap

    Eu não tenho um partido ou um candidato. Serão sempre aqueles que fazem frente aos pelegos do PT e seus partidos apêndices, sua ideologia de socialista de iPhone e que têm chances reais de vencer.

    No caso do Senado, estamos bem mal das pernas. Serão dois eleitos, e a esmagadora maioria dos candidatos fazem parte do antro socialista. Torço pelo Richa, apesar dele ser tucano, mas mesmo que ele seja eleito ainda teremos um representante da máfia vermelha. Quero muito ver o Requião se dando mal, nunca fez nada de relevante, beija a mão do Lula até hoje e é um mamador de primeira linha.

    Mas já será um alívio ver a Amante sendo rebaixada a deputada pra tentar manter o foro privilegiado, e se tivermos sorte, nem isso ela será, e no máximo ela se tornará secretária de alguma coisa em algum município dominado pelo PT, destino que torço ser compartilhado pelo comedor de mamonas.

    1. SERGIO SILVESTRE

      E você acha que o Beto Dubai Richa não vai em cana e também não vai descer o degrau para ser sindico de condomínio?

  3. Altair Filipe

    A passagem por Paris é difícil de engulir. Mais sobre o restante das acusações estou de acordo que são superficiais e interesseiras pelos delatores.

  4. Décio Paulino

    Que porra é essa que acabo de ler? Uma carta de agradecimento a alguém que garantiu por longos meses um bem remunerado cargo comissionado?!?

    1. SERGIO SILVESTRE

      Tá pulando a cerca de novo,sempre traiu ate seus companheiros de Uel.

  5. Satanás

    O blogueiro Pedriali está apenas se cacifando pra escrever a biografia (patrocinada obviamente) do Beto Richa. Seria tudo uma comédia se o dinheiro desviado não fosse para a educação.

  6. Dick

    Gente, o Pedriali, quando critica o PT, é um vulcão em erupção. Mas, quando “analisa” as tramoias de tucanos, o Pedriali não passa de um peidinho de véia. Quá! Quá! Quá!

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