Debate sobre autonomia universitária na UEL

Da Assessoria

Até o dia seis, estudantes, professores e funcionários da Universidade Estadual de Londrina (UEL) se reúnem para discutir a autonomia universitária na instituição. As atividades tiveram início na primeira semana de setembro e envolvem a realização de debates, reuniões e assembleias. O objetivo é que cada instância acadêmica formule considerações e propostas sobre o tema. Os encaminhamentos traçados deverão ser apresentados à Comissão de Autonomia Universitária, grupo formado por representantes do corpo técnico, docente e estudantil para trabalhar a questão.

Uma das ações previstas ocorre nesta terça-feira (19), às 17h, na sede do DCE (Diretório Central dos Estudantes), localizado entre os centros de Ciências Exatas e Ciências Agrárias, no campus universitário. Na oportunidade, o Movimento Estudantil da UEL se une para discutir o contexto e articular a elaboração do debate interno junto às suas bases de representação. As iniciativas se desenrolam no momento em que, mais uma vez, a universidade e as demais Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) do estado veem ameaçado, por diversas investidas do Governo do Paraná, o livre exercício da autonomia universitária.

De acordo com o professor do departamento de Ciências Sociais e presidente da Comissão de Autonomia Universitária, Ronaldo Baltar, a ideia é ampliar as conversas sobre a temática para toda a comunidade acadêmica, de forma a construir um entendimento democrático e plural sobre a questão. “Mesmo com visões diferentes, a UEL está engajada na discussão deste assunto há muito tempo, principalmente a partir de 2013. Com o cronograma proposto e as conversas acumuladas, a intenção é que cada um leve suas opiniões quanto às formas de gestão e financiamento da instituição, partindo do pressuposto de que é obrigação do estado garantir o pleno funcionamento das atividades de pesquisa, ensino e extensão”.

Devido à relevância dos debates e à importância da participação no calendário de eventos, o Conselho Universitário estabeleceu que os encontros terão prioridade nas atividades dentro do campus. Assim, não serão contabilizadas as faltas dos estudantes que integrarem as iniciativas. Já a ausência dos professores e funcionários em seus postos de trabalho será computada como atividade acadêmica. “Quanto mais gente estiver envolvida, mais teremos força política para demonstrar ao Governo do Estado a nossa disposição em construir uma proposta de autonomia que de fato garanta à UEL a liberdade no cumprimento da sua função social”, declara Baltar.

Para o estudante de pós-graduação e integrante do Conselho Universitário, Gabriel Melhado, se a comunidade interna se ausentar das discussões, provavelmente a UEL não vai obter resultados satisfatórios nas negociações junto ao Governo. “A limitação da autonomia universitária pretendida pela administração estadual tende a agravar a precarização do ensino, o que é parte de um processo histórico de desmonte das universidades públicas”.

Ele ressalta que questões como o META4 – que entrega ao Estado o gerenciamento da folha de pagamento da UEL, o Tempo Integral e Dedicação Exclusiva (TIDE) como regime trabalho e o financiamento da universidade através de um percentual do orçamento público têm sido tratadas em clima de tensão e acirramento com cúpula do Governo.

O estudante salienta ainda a importância de que os debates sejam ampliados para além das instâncias burocráticas. “Parece algo técnico e distante, mas estamos falando de assuntos de extrema importância, intimamente ligados à concepção de universidade pública estabelecida pela Constituição Federal”, afirma Melhado.

Histórico

Além estar presente no ambiente acadêmico há décadas, a discussão a respeito da autonomia universitária na UEL se desenvolve também em resposta ao Governo do Estado, que determinou prazo de 45 dias para que a instituição apresente uma proposta sobre o assunto. A medida é entendida pelo Conselho Universitário como tentativa de pressão do governador Beto Richa (PSDB) para forçar a entrada da universidade no META4.

O discurso da necessidade de clareza nos investimentos da instituição é encarado, na verdade, como tentativa explícita de controle político da UEL, já que a universidade presta conta aos órgãos de controle e já dispõe de software com reconhecida eficiência na gestão de recursos humanos. Outro fator que contraria o argumento do governo é que, no portal da transparência, o detalhamento dos vencimentos dos servidores pode ser acessado livremente por qualquer cidadão.

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4 Comments

  1. Estadopressor

    Autonomia sim, mas igual o estudante de fora, papai que paga as contas, tá bom bebê?

  2. Casemiro Brandão

    DITADURA DA MINHA OPINIÃO
    “a intenção é que cada um leve suas opiniões quanto às formas de gestão e financiamento da instituição, partindo do pressuposto de que é obrigação do estado garantir o pleno funcionamento das atividades de pesquisa, ensino e extensão”.

    iSSO AÍ, o morador do Morro dos Carrapatos deve subsidiar a vaga da UEL para o filho ou filha da Gleba Palhano, que tem como investimento uma chácara de lazer no Limoeiro.

    Obrigação do Estado para com os ricos.
    Os pobres levam o FIES, Financiamento da faculdade privada, bolsa de estudo de 10% pedindo peloamordedeus pros padres da PUC ou pastores da Unifil.

    É isso aí – vamos continuar pagando impostos para o professor de Ciências Sociais fazer a revolução do facebook e assistir netflix.

  3. Casemiro Brandão

    já que a universidade presta conta aos órgãos de controle e já dispõe de software com reconhecida eficiência na gestão de recursos humanos.

    Gabriel Melhado – Ele ressalta que questões como o META4 – que entrega ao Estado o gerenciamento da folha de pagamento da UEL, o Tempo Integral e Dedicação Exclusiva (TIDE) como regime trabalho e o financiamento da universidade através de um percentual do orçamento público têm sido tratadas em clima de tensão e acirramento com cúpula do Governo.

    ESCUTA MOÇADA – fala menos e faz mais: como é que tinha funcionário da UEL com diploma frio para aumentar a renda mensal de salário?

    https://maringapost.com.br/angelorigon/2012/01/21/fraude-com-diplomas-na-uel-e-na-uem-pode-virar-crime-federal/

    http://www.noticias.uem.br/clipping/index.php/25-uem/blogs-e-outros-sites/3119-suspeitos-de-falsificar-diplomas-funcionarios-da-uel-podem-ser-demitidos-por-justa-causa

    https://maringapost.com.br/angelorigon/2012/03/30/servidores-de-universidades-sao-investigados-por-falsificacao/

    Pelo menos 11 instituições, incluindo a UEL, podem ter tido diplomas fraudados. Em alguns casos, há documentos da Universidade Estadual de Maringá (UEM) com carimbo da UEL, e assinatura de um reitor que já não está no cargo há seis anos”, informa. Acima, um diploma com a assinatura falsificada do ex-reitor Gilberto Pavanelli, com data de agosto do ano passado. “A falsificação é grosseira”, disse ele agora pela manhã. Leia mais.
    PS – Por causa do documento da UEM fraudado, suspeitou-se do envolvimento de servidores da Universidade Estadual de Maringá, o que está sendo apurado.

  4. Casemiro Brandão

    Sistema dá mais transparência

    Desde 2012, a secretaria de Administração do Paraná cobra as universidades estaduais para que se adequem ao Meta4. O sistema é responsável por gerenciar a folha de pagamento dos servidores do Estado, com exceção de três das sete universidades estaduais do Paraná.

    A Uenp e a Unespar iniciaram suas atividades já com a gestão do Meta4. Unicentro e UEPG estão em processo de adesão ao sistema. Já a UEM, UEL e Unioeste são resistentes à ferramenta.

    O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) recomendou o uso do sistema para todas as universidades. Os decretos 10.406/14; 25/15 e 2879/15, advertem às universidades sobre a necessidade de integração ao Meta4.

    https://maringapost.com.br/cidade/2017/09/19/com-atraso-de-15-dias-universidades-devem-apresentar-proposta-de-autonomia-ainda-nesta-semana/

    A VERDADE NUA E CRUA – NÃO QUEREM CONTROLE DE SUA FOLHA DE PAGAMENTO

    UENP E UNESPAR JÁ ESTÃO NO SISTEMA
    UEPG E UNICENTRO VÃO ENTRAR NO SISTEMA E CUMPRIR A LEI

    UEL, UEM E UNIOESTE RESISTEM.
    o que querem esconder?

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