Lula quer ser o antagonista de Bolsonaro
do El Pais
Na primeira entrevista coletiva depois da decisão que devolveu seus direitos políticos, Lula se apresentou como uma antítese de Bolsonaro, mirando a artilharia contra o atual Governo, ponto a ponto. Da gestão da pandemia à economia, não faltaram críticas contundentes numa aparição de mais de duas horas que mobilizou emissoras de tevê e redes sociais.
Regiane Oliveira conta os bastidores da movimentação do ex-presidente no PT. O partido, em linha com o discurso de Lula, de aceno ao centro, prepara uma agenda de encontros com líderes políticos e religiosos enquanto discute o novo plano para o país —tudo, no entanto, em marcha lenta por causa da covid-19. “Ficou claro que a partir de hoje Lula já está em campanha eleitoral e começa a aparecer um Lula ressuscitado e com a intenção de vestir mais a figura do estadista conciliador do que a do sindicalista enfurecido”, analisa o colunista Juan Arias.
Um grupinho que se fornicou de verde e amarelo foi o oportunista MBL.
Basicamente, eles pegaram carona na onda Bolsonaro e assim que o governo dele começou, já se declararam oposição. Com a pandemia, abriram um sorriso de orelha a orelha, na expectativa de que o governo Bolsonaro fosse naufragar enquanto era apedrejado pela mídia que deixou de receber patrocínio estatal. Pra eles, era claro e cristalino: 2022 seia um Bolsonaro enfraquecido e cuja derrota seria inevitável de um lado, e do outro, a “Direita Apoia-se” do MBL montada num tucano ou DEM, cuja vitória estaria garantida.
Eis que Lula ressurge das cinzas, e já se posiciona como oposição. Mantida sua elegibilidade, assegurando um Bolsonaro versus Lula em 2022.
A fundação do MBL é o antipetismo. Se posicionar do lado o PT ou de algum partido da frente “democrática” (com todas as aspas imagináveis) vai afugentar toda sua base de apoio e os incautos que andam comprando seus cursinhos de “como ser conservador”. Voltar para o Bolsonaro daria um resultado tão positivo quanto a candidatura da Joyce Hellmanns em São Paulo. Apoiar uma terceira via seria apostar num cavalo morto.
O que fará o MBL?