Não há limites para a ambição dos Barros

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, conhecido pelas declarações desastradas que já ofenderam médicos, mulheres e outros grupos, tem um objetivo muito claro: quer se manter no poder, custe o que custar

A revista Piaui trouxe, dias atrás, uma matéria interessante sobre os movimentos do camaleônico ministro da Saúde, Ricardo Barros, para fazer de sua família a nova oligarquia do Paraná.

Veja a matéria produzida pelo jornalista Rafael Moro Martins:

O CÉU É O LIMITE

trajeto entre a igreja e o salão de festas era curto – coisa de poucos metros de caminhada –, mas havia se formado um inesperado e incontrolável corredor polonês. De um lado, manifestantes gritavam “Fora Temer”, cuspiam, jogavam ovos, garrafas e até pedras portuguesas nos convidados da festa – que, no outro extremo, tentavam se proteger dos ataques com as mãos, abaixando-se. Com guarda-chuvas, seguranças contratados para o evento tentavam socorrer os convidados do bombardeio. No meio, a noiva ria amarelo, o rosto transparecendo contrariedade, tentando sublimar o que acontecia.

Em uma noite fria de julho, o casamento da deputada estadual paranaense Maria Victoria havia se transformado numa batalha campal. Quando ela cruzou a trincheira e adentrou os salões da Sociedade Garibaldi, um clube de descendentes de italianos localizado no Centro histórico de Curitiba, recolheu-se. Oficialmente, fora retocar a maquiagem. No salão, sua mãe, a vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti, em prantos, era consolada por amigos. Mais adiante, o pai da noiva, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, implorava aos seguranças que reforçassem a vigília nas portas. A família Barros – filiada ao Partido Progressista – tinha um problema.

Naquela semana, o casamento da deputada havia dominado as rodas de conversa na cidade. Tudo começou quando o jornal Gazeta do Povo informou que a montagem da estrutura necessária para dar conta dos mais de mil convidados – e que ocultou a fachada tombada pelo patrimônio histórico – fora erguida sem autorização. Em seguida, veio à tona a lista de presentes pedidos pelos noivos: garrafa térmica de prata de 2,3 mil reais, açucareiro de 400 reais, só para se ter uma ideia. Os manifestantes contrários ao governo do qual o pai da noiva faz parte viram no evento uma oportunidade.

No dia do casamento, os militantes organizados contaram com a participação de indignados casuais. A Sociedade Garibaldi fica no Largo da Ordem, no qual, aos fins de semana, jovens de bairros pobres e da região metropolitana se divertem entornando garrafas de vinho barato ou destilados misturados a refrigerantes, sorvidos em embalagens PET chamadas de “tubão”.

“Quem organizou o casamento não tem noção do que é o Largo da Ordem à noite. Um casal comum teria problemas para fazer a pé o percurso que eles pretendiam”, resumiu um jornalista que acompanhou a manifestação. Maria Victoria, uma jovem bonita, de sorriso fácil, foi saudada com gritos pouco usuais em protestos de esquerda. “Vagabunda” e “puta” eram ouvidos a todo momento. Um dos convidados replicou aos manifestantes: “Pobres”, gritou. A polícia interveio com o cardápio habitual: bombas e cassetetes.

“Não foi por falta de aviso”, disse-me um deputado estadual paranaense que esteve na festa. “Quando eles me contaram onde iam fazer o casamento, eu não disse que estavam loucos porque não sou indelicado. Mas falei que haveria manifestações. Eles até pediram que não se votasse [na Assembleia] nada polêmico naquela semana, para não acirrar os ânimos. Mas o país está conflagrado”, contou.

Os planos do clã Barros para se tornar a nova oligarquia paranaense coincidem com o ocaso de velhos líderes do Estado. O ex-governador e atual senador Alvaro Dias, prestes a completar 50 anos de vida pública, tenta se apresentar como novidade para a disputa pelo Palácio do Planalto pelo Podemos, novo nome do velho e obscuro PTN – cujo maior feito em sua história de 70 anos foi ter sido a sigla que levou Jânio Quadros à presidência. Antes, militou em um improvável Partido Verde. Seu irmão, o ex-senador Osmar Dias, deve disputar o governo do Estado sob o desgaste de ter ocupado uma diretoria do Banco do Brasil durante os anos Dilma Rousseff, quando a instituição foi enrolada na Lava Jato. Os Dias são adversários antigos dos Barros. (leia mais)

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2 Comments

  1. ROLEX

    vamos mostrar a estes seres onde queremos que eles estejam…..

  2. Dick

    E há limites para as demais famílias que mandam no Paraná? Elas se juntaram para atacar o PT, um outsider da política que ameaçava a supremacia dessas famílias, e agora se voltam para a velha luta entre elas. Agora tucanos e barristas trocam tapas publicamente depois de irem abraçados à Câmara Federal para votar no Temer para presidente.

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