O Samba da Minha Terra.


Coluna Carlos Brickmann
O sambista aguentou os temas Inconfidência, Abolição, Proclamação, Chica da Silva. Mas, quando o tema foi A Atual Conjuntura, o crioulo endoidou de vez.

1 – Um comerciante foi assaltado por cinco bandidos armados, em Cubatão, SP. Reagiu a bala. Matou um assaltante, feriu outro, três fugiram. A vítima levou um tiro, foi medicada – e presa em seguida, por matar o bandido. Sua esposa, que levou à Polícia a pistola que o marido usou, foi presa por porte ilegal de arma.

2 – Ele é oficial da PM, padre, cantor de algum sucesso, suspeito. Osvaldo Palópito, ex-capelão da PM, é investigado por suspeita de desvio de recursos – algo como R$ 2 milhões. Ele pediu passagem para a reserva. Padre, policial – deveria ser inatacável! Reflexão: o caro leitor, que pode seguir outras religiões ou ser ateu, paga para que a PM tenha à disposição um padre católico próprio. Os PMs podem ter outras religiões. Por que só atender católicos, e com dinheiro público?

3 – O juiz Roberto Corcioli, 36 anos, pede ao Supremo que lhe permita atuar nas varas criminais do Tribunal de Justiça de São Paulo. Corcioli está fora das varas criminais desde 2013, quando 17 promotores insatisfeitos com suas decisões representaram contra ele. Quais são essas decisões? Corcioli entende que, para certos crimes, prisão não é solução. Já deu pena alternativa, em vez de cadeia, para o réu que roubou R$ 6,00; absolveu, por insignificância, o réu que tentou furtar dois salames. Mas condenou a 30 anos um ladrão que matou a vítima. Será que juiz só tem direito de julgar de acordo com a opinião dos acusadores?

Deixa a gente mole

“Cuidado com os idos de março”, disse o adivinho ao ditador de Roma, Júlio César, na peça de Shakespeare. Os idos de março, no antigo calendário romano, cairiam lá pelo meio do mês. César não deu importância à advertência do adivinho. Rebateu: “Os idos de março já chegaram”. O adivinho insistiu: “Mas ainda não passaram”. Pouco depois, Júlio César seria apunhalado e morto.

Uma greve de caminhoneiros, como a que precipitou a deposição de Salvador Allende no Chile, pode ser política: seu objetivo era derrubar o Governo. A greve de caminhões no Brasil não é política, nem tem comando centralizado. Quer mudar a regulamentação dos transportes, reduzir pedágios, aumentar fretes – problemas de organização econômica. Mas tem de ser resolvida logo, antes que vire crise. Pode ter efeitos devastadores se prejudicar o abastecimento e criar problemas bem na hora em que há um sentimento difuso de insatisfação, em que há defensores do impeachment da presidente, em que, abertamente, e com mórbida alegria, atribuem-se outras causas à perda de peso de Dilma, que segue rígida dieta alimentar. E, pior ainda, quando há tentativas de organizar manifestações de rua em boa parte do país contra o PT e seus dirigentes.

A manifestação está marcada para o dia 15. Exatamente nos idos de março.

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0 Comments

  1. gibão

    Se balançar um pouquinho cai os dois vagabas. A veia e o Playboi

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