Temer vence na CCJ, mas agora começa a estudar o "fator Cunha"

Andreia Sadi do G1

Apesar do discurso oficial de que o Planalto não tem mais pressa para votar a denúncia contra Michel Temer, auxiliares do presidente admitem, nos bastidores, que queriam “liquidar a fatura” da denúncia na Câmara ainda em julho porque temem o “fator Eduardo Cunha”. 


Interlocutores do presidente avaliam que uma eventual delação de Cunha, que tem manifestado a investigadores a disposição de aderir a uma colaboração premiada, pode selar o destino do presidente da República na Casa.
Temer tenta se descolar publicamente de Cunha, mas ele e o deputado cassado –preso,atualmente em Curitiba pela Operação Lava Jato – mantinham uma relação de proximidade nos bastidores. Em 2012, por exemplo, Cunha foi designado por Michel Temer para ajudar a campanha do candidato do PMDB à prefeitura de São Paulo, o ex-deputado Gabriel Chalita.
Em 2014, Cunha participou de negociações que ajudaram a campanha a vice de Temer, na chapa com Dilma Rousseff.
Além disso, no início desta semana, antes da mudança de estratégia do governo, auxiliares de Temer lembravam reservadamente que Cunha também atuou, em 2014, para ajudar deputados do PMDB e de outros partidos com arrecadações financeiras para as campanhas dos parlamentares.
Na avaliação de aliados de Temer, a delação de Cunha teria efeito duplo, já que pressionaria a situação do presidente e também os “juizes” da denúncia: os deputados que temem estar na mira do ex-presidente da Câmara, preso pela Lava Jato.
A eventual delação de Cunha não é a única que preocupa Temer. As revelações de Lúcio Funaro, doleiro preso e operador do PMDB, também assombra o governo. Mas, na aposta de ministros, só um dos dois fechará delação: ou Cunha ou Funaro.
Por isso, o governo queria a votação da denúncia em julho, para não ficar vulnerável no recesso parlamentar. Mas foi forçado a adiar, sem conseguir mobilizar deputados para atingir o quórum exigido por Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, para iniciar a sessão: 342 votos, como é o entendimento da Casa.

O governo ainda tentou uma manobra – como fez na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com as trocas de integrantes, para que Maia abrisse a sessão da denúncia com 257 deputados –, mas o presidente da Casa rejeitou.

Maia disse a interlocutores de Temer que uma coisa era ajudar o governo, outra, se “suicidar” politicamente, porque uma eventual vitória do governo nessas condições, driblando o regimento, poderia cair na sua conta.
Após a negativa de Maia, o Planalto passou a dizer, então, que admitia deixar a denúncia para agosto – o que se confirmou no final do dia desta quinta-feira (13). Leia mais

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Um comentário

  1. Dick

    Temer ou Rodrigo Maia: quem acertar com Cunha será presidente. Já foi anunciado que o PSDB vai levar um chute nas suas gordas nádegas. Mas os tucanos, com exceção do Aécio e sua turma, vai acabar achando bom. O que os tucanos queriam mesmo é a reforma trabalhista, isto é, a volta à escravidão. A reforma previdenciária os tucanos vão apoiar com qualquer presidente. Depois dos trabalhadores, os tucanos vão ajudar a ferrar os aposentados.

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