Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito por voto direto após o regime militar, entrou para a história política brasileira não apenas por sua eleição simbólica em 1989, mas também por estar no centro de alguns dos maiores escândalos de corrupção do país.
O Caso PC Farias: O Escândalo que Levou à Renúncia
O mais emblemático episódio envolvendo Collor ocorreu durante seu mandato presidencial (1990–1992), quando foi acusado de envolvimento em um esquema de corrupção chefiado por seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, o “PC Farias”. As investigações revelaram um vasto esquema de tráfico de influência e captação ilegal de recursos, com empresários beneficiados por decisões do governo que retribuíam com depósitos em contas fantasmas.
As denúncias vieram à tona após o próprio irmão de Collor, Pedro Collor, acusá-lo publicamente de envolvimento em práticas ilícitas. Com a pressão popular — marcada por manifestações dos “caras-pintadas” — e um processo de impeachment aprovado pelo Congresso, Collor renunciou em dezembro de 1992, momentos antes da votação final no Senado. Ainda assim, os senadores decidiram pela sua inabilitação para cargos públicos por oito anos.
Operação Lava Jato: Collor e os Supercarros
Mais de duas décadas após seu impeachment, Collor voltou a ser implicado em novos escândalos. Em 2015, já como senador por Alagoas, seu nome surgiu nas investigações da Operação Lava Jato. A Procuradoria-Geral da República o acusou de ter recebido mais de R$ 30 milhões em propinas entre 2010 e 2014, por meio de contratos fraudulentos na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.
A Polícia Federal chegou a apreender uma coleção de carros de luxo do senador, incluindo uma Ferrari e uma Lamborghini, o que chamou atenção da opinião pública e virou símbolo de ostentação com dinheiro supostamente ilícito.
Condenação no STF: A Queda Final
Em maio de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Collor por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A pena total somou 8 anos e 10 meses de prisão. Segundo a denúncia, o então senador utilizou sua influência política para favorecer empresários em troca de vantagens indevidas, consolidando um esquema que operou por anos dentro da máquina pública.
A condenação marcou a primeira vez que um ex-presidente eleito pelo voto direto foi punido criminalmente pelo Supremo após o exercício do cargo.
A trajetória de Fernando Collor é um retrato das contradições da política brasileira: de símbolo da redemocratização à figura marcada por escândalos e condenações. Seu caso é também um alerta sobre a importância da vigilância constante das instituições e da sociedade na luta contra a corrupção.















1 comentário
Victor Marquez
Pena que muitos brasileiros já morreram e não puderam comemorar esse momento que eles tanto desejaram testemunhar. Aliás, um amigo meu morreu desesperado meses depois que o dinheiro dele ficou congelado e ele não pôde comprar um novo caminhão para trabalhar já que ele tinha vendido o dele poucos dias antes da medida maldita tomada pelo chamado (mentiroso) “caçador de marajás”. Longa vida na cadeia para Fernando Collor.