Por Luís Augusto da Silva
No dia 27/06 acordamos com a notícia que a Polícia Federal, estava na busca do senhor Miguel Gutierrez, que foi presidente das Lojas Americanas, por 20 anos. A P.F., também cumpria outras decisões judiciais. Mas, o que toda essa situação pode nos ensinar? Ou ainda, o quão parecidos somos com o escândalo das Americanas!?
Vejamos:
Em 1.929 um grupo de empresários americanos, chegaram na cidade do Rio de Janeiro, com a ideia de abrir uma loja semelhante as antigas lojinhas de “tudo por 1,99 “. Na década de 80 um grupo de empresários brasileiros liderados por João Paulo Lemann, adquiriu a empresa e reestruturou todas as operações. Desde então as Lojas Americanas, viveram um período de crescimento econômico, que causava inveja no setor. Todo esse castelo de cartas, começou a desmoronar no dia 11 de janeiro de 2.023 quando o novo presidente da empresa, renunciou ao cargo alegando problemas contábeis. Bem desse momento em diante, sabemos que a situação das Lojas Americanas, mergulhou num mar de problemas.
No mês de Junho de 2.023 a auditoria apresentou um “rombo” estratosférico, onde o gestor do Fundo Verde, afirmou ser a maior fraude do Brasil. A estimativa é que havia um furo de aproximadamente R$ 42,3 bilhões de reais, nas prestações de contas da empresa. O levantamento também identificou 4 problemas, que levaram a esses valores. Seriam eles:
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Fraude da Diretoria Anterior – O penúltimo presidente da empresa, antes de explodir o escândalo, governou a mesma por 20 anos. O levantamento entendeu, que os problemas nos balancetes já vinham ocorrendo por pelo menos 10 anos.
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Esforço Para Ocultar os Problemas – A Diretoria criava mecanismos, que conseguiam esconder toda a fraude. E assim, continuavam a receber dividendos, algo em torno de r$ 500 milhões na última década.
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Criação de Incentivos Comerciais Artificiais e
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Financiamentos Bancários Contabilizados de Forma Inadequado.
De forma resumida é possível afirmar que a Diretoria das Lojas Americanas, falava uma coisa (e não só falava, mas conseguia demostrar por meio de balancetes) quando na realidade a situação seria outra. Mesmo as outras empresas do setor, apresentando resultados mais módicos, investidores e bancos, continuavam a apostar suas fichas nas Lojas Americanas. Já ouviu aquele ditado, que o pior cego é o que não quer ver … então!
O crime que a diretoria das Lojas Americanas cometeu é muito semelhante, ao que cometemos quase sempre. Quem nunca na hora de falar de si, acabou passando informações que não eram reais, mas que causava boa impressão!? Ou ainda, quem nunca quando um problema seu foi descoberto, imediatamente ao invés de assumir a culpa, buscou uma justificativa ou um culpado!? Sempre apontamos o dedo para o problema do outro, como se fossemos juízes de alguém e esquecemos de olhar nossas mazelas interiores e exteriores.
Os bancos e investidores que acreditavam nos balancetes das Lojas Americanas, mesmo quando todas as empresas do segmento tinham números bem mais modestos, por que acreditavam? A resposta parece óbvia: os bancos e investidores, estavam preocupados em ganhar e por ver apenas ganância, não conseguiram ver que no mínimo os balancetes eram estranhos e mereciam uma análise profunda. Quando assume o novo presidente da empresa, em poucos dias ele conhece o problema e renuncia. Ele não conheceu todo o problema, havia a necessidade de aprofundar a investigação, mas o que foi descoberto já demonstrava que havia complicações sérias. Mas os bancos e investidores, não conseguiam ver nada além dos balancetes apresentados pela empresa. Até um gerente de banco em início de carreira, em cidade do interior sabe que uma empresa de capital aberto, não pode ficar 20 anos na mão de um único presidente. Encontramos pessoas que querem ganhar a vida através de pirâmides financeiras, jogos de azar, negócios ilícitos e outros. A ganância cega as pessoas e elas não conseguem ver ou se conseguem ver, fazem a opção de jogar com a sorte, em iniciativas que cedo ou tarde vai dar em mera frustração.
“Sonda – me, ó Deus, e conhece meu coração, põe-me à prova para conhecer meus sentimentos: vê se minha conduta é ofensiva, e guia-me pelo caminho eterno. “ (Salmos 139, 23 – 24)
Todos os dias, precisamos fazer a oração que o salmista fez acima. Deus conhece nossos corações e nossas intenções. Gavetas interiores que estão fechadas com cadeados, Deus conhece o conteúdo das mesmas. Podemos esconder nosso caráter de todas as pessoas, menos de nós e de Deus. Assim, se em algum momento da vida, já tomamos uma atitude semelhante a dos balancetes das Lojas Americanas, apresentando vantagens quando na realidade eram malefícios ou a exemplo dos investidores e bancos, que ficaram cegos em sua ganancia é necessário que passamos por uma revisão. É muito doloroso chegar em um momento da vida e saber que todos te enxergam como um mau caráter, ou como uma pessoa que deve ser evitada. Também é muito doloroso saborear a frustração, de uma vida alicerçada em ganâncias e mentiras. Se o nosso caráter, não estiver devidamente sadio e não houver de nossa parte um compromisso de viver de forma santa os nossos dias, seremos sempre uma fraude, um engano. Eu sei onde estão os meus desafios a serem vencidos e constantemente, Deus me apresenta desafios maiores e menores, que preciso vencer.
Que Deus nos ajude, a sermos pessoas melhores e com um caráter reto e santo.
Luís Augusto da Silva, foi Secretário de Administração da Prefeitura de Jaguapitã-PR.














1 comentário
Há Lagoas
Até os “animais capitalista” cometem erro, principalmente quando a ganância e a arrogância guia suas decisões! E o mais triste, quantos trabalhadores, fornecedores e clientes foram prejudicados?