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Cláudio Osti

A independência às avessas

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Por Israel Marazaki

Queridos leitores, registremos antes de tudo: estamos no ano de 2025 d.C. Pode parecer detalhe inútil, mas não é. Faço questão desse marco para que, no futuro, possamos medir os avanços — ou retrocessos — dessa demência contagiosa que tomou o Brasil: o patriotismo antinacional.

Não desejo causar medo, mas confesso que enquanto escrevo sinto os dedos tremerem. O que aconteceu conosco? No princípio, éramos a terra prometida, apontada em mapas antigos como ilha a ser descoberta. Descobertos, viramos colônia. Depois, Reino Unido. Enfim, em 1822, um Império soberano.

Quem poderia imaginar que, duzentos anos depois, uma doença nos faria regredir? Que libertos e soberanos se transformariam em colonos por livre vontade? Ou não foi exatamente isso que se viu no desfile de 7 de Setembro em São Paulo? Quando trocamos “Independência ou Morte” por “Submissão ao Norte”?

O que vi em São Paulo não foi patriotismo, foi súplica:
“Me ponha a ferro.
Me amordace.
Me bata com vara.
Me declare propriedade.”

E a multidão vibrou — mas vibrou como cativo feliz, celebrando a corrente que a prende. É a independência às avessas: um povo que, em vez de sustentar sua soberania, oferece a própria alma em bandeja para ser dominado.

Então, nobres, eu vos pergunto: qual independência fomos às ruas comemorar?

Insisto: sem memória não há nação. Sem educação não há liberdade. O que resta é apenas o espetáculo grotesco de um povo que aplaude, entusiasmado, a sua própria submissão.

Israel Marazaki é empresário em Londrina

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3 comentários

  • patriotismo no Brasil morre no campo esportivo, e detalhe até nesse campo as coisas já não despertam interesse como antes. Em que pese a boa intenção do texto acima, faz lembrar um pouco o personagem Policarpo Quaresma kkk. Convenhamos o Brasil nunca foi grandes coisas quando tratamos de patriotismo. Isso aqui sempre foi terra de ninguém, lugar em que levar vantagem é o que conta. Onde governos seja de que ideologia tenha quando chegam no poder se lambuzam, se aproveitam da maquina pra enriquecer. Um exemplo é nosso governo atual, utilizam do tarifaço pra recuperar prestigio político. Pode dar certo no curto prazo, desemprego esta chegando nos setores afetados, tem setores que já deram férias coletivas, logo estarão demitindo.

  • No texto nada há ser observado, evidente que toda unanimidade é estranha e burra, essa exaltação do agressivo EUA e Israel fraldando suas bandeiras é preocupante e perigoso, pouco importa se é de direita centro ou esquerda, mas clamar por intervenções de imperialista nos meus quase 80 anos de vida jamais poderia imaginar que isso acontecesse, Salvem o Brasil

  • Jordão Bruno

    Igrejas evangélicas viraram comitês eleitorais da extrema-direita, púlpito virou espaço de discurso neofascista e, em Londrina, igreja virou garagem de ônibus do Bolsonaro. Muitas igrejas evangélicas foram trazidas para o Brasil por religiosos norte-americanos. Há uma seita norte-americana que planeja construir 3.000 templos no Brasil, em tempo recorde. Como o golpismo bolsonarista tem forte base nas igrejas evangélicas, então ver nos Estados Unidos uma salvação de seus líderes é consequência natural do engajamento dessa casta religiosa. Aliás, Malafaia está sendo anunciado como presença em cultos evangélicos nos Estados Unidos, agora em setembro. Não vai dar pra ele ir lá buscar uma$ verdinha$, mas, com certeza, esses eventos serão usados para atacar a “ditadura da toga” aqui no Brasil.

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