Congresso Nacional, o show de horrores da ignorância dos políticos brasileiros
Coluna Pequena Londres/ por Walace SO
Buenas Pequena Londres, aí do lado da beira do Lago Igapó para cá do lado da beira do rio Madeira em terras da Amazônia, sigo tocando em frente, um Pé Vermelho agora beiradeiro.
A cada semana que passa, desde a posse do atual governo, Brasília se tornou a capital de um show dantesco brasileiro, com embates empobrecidos que viraram memes nas redes sociais.
E, diferentemente da Guerra Infinita, em que Thanos aniquilou metade do mundo, algo parecido aconteceu no Brasil nos quatro anos anteriores que reinou o obscurantismo e inurbidade (sinônimos, mas de sentidos diferentes), comandados pela família dos quatro cavaleiros do apocalipse e seu capitão. Vou nomeá-los aqui, não em sua ordem bíblica, mas na cronologia desses últimos quatro anos de horrores que sobrevivemos.
Primeiro a guerra que foi o incentivo às armas e sua liberação no país que, aliás, é o que mais mata no mundo sem viver em guerra, o Brasil. A guerra que deveríamos travar é contra a ignorância, não contra a vida das minorias.
Segundo, a peste, dado ao descaso com a pandemia pelo último presidente que dizia “é só uma gripezinha” ou “não sou coveiro, tá” e seus ex-ministros da saúde (jamais tivemos tantos num mandato), que estiveram empenhados mais em propagar a pandemia do que combatê-la.
Terceiro, a fome, em que para favorecer seus aliados do agronegócio que mais poluem, desmatam e matam para manter seus lucros na importação desabastecendo a produção interna e familiar, acabando com a regulação de abastecimento de produtos que controlava os preços e jogando o povo a miséria, que voltou à margem da fome, disputando comida na lixeira dos abastados.
E por fim e não mais cruel, o quarto cavaleiro, a morte… Que espreitava lentamente seus três irmãos e ela é a expressão do falso moralismo, do fundamentalismo que abriga o falso cristão, dos ditos “homens de bem” na “guerra santa” contra o comunismo vermelho. Lembrando que jamais morreram proporcionalmente tantas mulheres por feminicídio, homossexuais, indígenas, pobres e inocentes (pandemia) no país durante esse período.
Não consigo imaginar, em qual capítulo a despreparada, inocente intelectualmente (se pudermos usar o termo inocente para políticos) bancada de políticos que foram eleitos nessas duas últimas eleições, se encontram, perante a Divina Comédia. Se no capítulo do Purgatório ou do Inferno, mas com certeza não é do Paraíso. Eles aproveitaram da onda fundamentalista do talibã cristão do velho testamento, da falsa moralidade e da ignorância que assola o país negando a ciência e a cultura.
Sempre tendo como autor de cabeceira, Olavo de Carvalho, um arauto medíocre de pensamento tosco, sem nenhuma relevância intelectual. Porém, pai dos “imbecis das redes sociais” que Umberto Eco tanto refletiu, como triste herança da internet. E temos que aguentar esse show de asneiras sempre seguidas por um “vossa excelência”, que muitas vezes não leram uma dezena de livros em sua vida. Levando em consideração que a literatura de Olavo de Carvalho, não é propriamente uma leitura construtiva e de fundamentação teórica.
E com autores como Hobbes, Locke, Adam Smith, Tocqueville ou mais recentes da Escola de Chicago como William, Znaniecki, Hughes ou McKenzie que, aliás, uso em minhas aulas, afinal sociologia não é coisa de comunista como os ignorantes costumam pregar. Porém, é uma leitura, digamos que exige um arcabouço cultural que a direita brasileira não tem. Realmente é mais fácil ler Olavo de Carvalho e depois repetir como papagaio sobre aquilo que se crê como dogma e não o que se refletiu se forem capazes de refletir.
Claro que apresento os clássicos Marx, Durkheim e Weber, um pouco de Sócrates, Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, São Tomas de Aquino, Espinoza, Rousseau, Gramsci, Arendt, MacLuhan, Florestam Fernandes, Gilberto Freire, Milton Santos, Bauman e Eco. Entre tantos outros autores que não precisam de posicionamento político definido, e também são importantes para reflexão tais como Shakespeare, Machado de Assis, Kafka, Gabriel Garcia Márquez, Eduardo Galeano e tantos outros.
Bom, vocês devem estar se perguntando, e onde entram os Vingadores nessa história? Crianças, após a Guerra Infinita, citada acima, lembremos que tivemos a revanche. E em os Vingadores Ultimato, o poderoso Hulk Dino, arrasou em todas as comissões das quais foi “convidado” às legiões do mal com juízes, delegados, membros da SWAT perversa, promotores do PowerPoint e tantos outros vilões. Junto com Silvio Almeida, o nosso Pantera Negra e com o Prof. José Geraldo de Sousa Junior (UNB), o Doutor Estranho, os vingadores chacoalharam a goiabeira e não teve para ninguém.
Todos ficaram nas comissões como aquele personagem do Jô Soares: “Ah… é, é”! Tem que rir para não chorar. Todos com urbanidade, retórica impecável, vez ou outra um raio de ironia, usando a didática como armas, fundamentados em anos de leituras e estudos que constroem a cognição, desmancharam uma a uma as ondas da ignorância que assola o parlamento brasileiro.
Um triste retrato do despreparo dos postulantes a políticos, que representam a eles próprios e determinados grupos e não representam a República, Democracia ou nosso Povo. São preconceituosos e pequenos, vivendo da apologia ao machismo, xenofobia e acreditam representar Deus e bons costumes. E esse filme já foi visto e revisto na história, no fascismo que criou o nazismo e franquismo a pouco mais de cem anos.
Bora rir e refletir para não repetir a tragédia da história.
Walace Soares de Oliveira, cientista social pela UEL/PR, mestre em educação pela UEL/PR e doutor em ciência da informação pela USP/SP, professor de sociologia do Instituto Federal de Rondônia (IFRO).