Moradores de Rua: É sempre bom ter cuidado. Governos midiáticos têm problemas em apresentar resultados efetivos
Fernando Collor de Mello, ao assumir a presidência da República em março de 1990, praticamente “inventou” o personagem político midiático.
Quem era jovem ou adulto na época, deve se lembrar dele saindo da Casa da Dinda, onde morava, para passeios com motos potentes, passeios de jet ski no lago Paranoá. Cenas para TV, fotos para jornais e revistas. Afinal, era o primeiro presidente eleito pelo voto popular depois do fim da ditadura. Queria mostrar modernidade, força, jovialidade. Sem entregar resultados consistentes, o namoro com a mídia durou pouco. Governar é muito mais complexo do que fazer cenas para alimentar a massa.
De lá pra cá, essas estratégias de marketing vem se repetindo incansavelmente pelos governantes seja de direita ou esquerda. Uns mais, outros menos. Tudo sempre com o objetivo de mostrar o jeito novo de governar. Mas, quem presta um pouco de atenção percebe logo e lembra que o populismo nasceu com o bicho homem. Populismo moderno ou populismo antigo é apenas populismo.
Ainda está na memória deste escrevinhador o ex-deputado estadual José Tavares em cima de uma retroescavadeira, de capacete na cabeça, ligando o motor da máquina para derrubar o antigo Cadeião. Cenas para sua futura campanha a prefeito de Londrina. Ele foi impedido por moradores da cidade que entendiam que o Cadeião fazia parte, mesmo que triste, da história da cidade. Hoje o Cadeião é um dos principais equipamentos culturais de Londrina.
E por que este escrevinhador está falando sobre isto? Por algumas cenas midiáticas que vem acontecendo em Londrina desde que a nova gestão assumiu.
Não, não é uma “pegação no pé”, é para uma reflexão.
Vamos lá, nos primeiros dias de governo um aparato com viaturas da Guarda Municipal e da Polícia Militar começou percorrer o Calçadão e abordar moradores em situação de rua. Problema enfrentado por todas as cidades médias e grandes. Fotos para todos os lados, imagens para a tvs, programas policiais, portais, etc. Resultado: uma ou outra pessoa detida com mandado; alguns encaminhados para tratamento. Tudo resolvido? Não.
O moradores em situação de rua deixaram o centro e agora estão nos bairros. Por enquanto, como é óbvio, não houve solução – como ainda não há na maioria das cidades – o problema apenas foi transferido para outras regiões.
Outra cena que chamou muito a atenção dos leitores do blog foi o secretário de obras entrando com um documento na mão no gabinete do prefeito Tiago Amaral. Tudo devidamente registrado desde o momento em que ele abriu a porta e se encaminhou até o prefeito que, “totalmente surpreso, olhou o relógio, registrou a hora e, quase estupefato”, rasgou o sorriso pois no documento havia a autorização para que a prefeitura demolisse um ex-motel que hoje é um mocó. A ideia era mostrar a agilidade com que se conseguiu o documento. O rito parece simples. Mas não é. A única possibilidade rápida é o proprietário do imóvel querer e pedir o alvará de demolição. Do contrário, são meses de luta até se chegar ao resultado.
Exemplo: para demolir uma parede de um barracão que corria o risco de cair com possibilidade de provocar acidentes graves na Rua Paraíba, o proprietário foi notificado pelo município, depois a prefeitura ingressou com ação na Justiça, os proprietários recorreram, etc, até que a Justiça determinou a derrubada. São os famosos prazos legais que precisam ser cumpridos.
Enfim, estas e outras cenas para mostrar que o governo tem e terá dinamismo.
A questão é que os exemplos até hoje mostram que este é um caminho perigoso. Consistência e resultados vem com o tempo.
E aquele velho ditado adaptado pode servir: Canja de Galinha e moderação nas cenas midiáticas não fazem mal a ninguém.
Enquanto isso, nem Procurador Jurídico ele escolheu. Será de propósito?
Próximo passo serão eventos nos bairros com o prefeito chegando no comando de motociatas, como fazia o guru dele?
Com o Tiago Amaral na prefeitura, se estender uma lona sobre a cidade, Londrina vira nome de circo. Quá! Quá! Quá! Que comédia o prefeito cumprimentando os soldados municipais armados até com fuzis, no Calçadão, prontos a atacar o exército dos esfarrapados, a “bandidagem” faminta a ser combatida. E o secretário que, a cada dez palavras, repete “nosso prefeito Tiago Amaral”. A propósito, alguém assistiu à live comandada pelo “estado maior militar municipal” encastelada na Concha Acústica? Com certeza foi acompanhada por Netanyahu em Israel. Quá! Quá! Quá!
me parece que este escrevinhador está com dor de cotovelo pois a campanha que participou foi derrotada.