Proprietários dos imóveis do colégio Maxi questionam se novos donos vão conseguir parar o aluguel das instalações
do Valor
Os proprietários dos imóveis do Colégio Maxi, de Londrina (PR), enviaram uma notificação extrajudicial para a rede inglesa Cognita, que, na terça-feira (7), anunciou a venda da escola para o Giusto 5, um novo grupo de educação de São Paulo criado em 2022. Eles questionam a capacidade do Giusto 5 em honrar os aluguéis, que giram em torno de R$ 350 mil por mês.
Na notificação, os donos dos imóveis — que também são fundadores do Colégio Maxi — argumentam que o Giusto 5 tem capital social de cerca de R$ 1,6 milhão. “A diferença de capital social inegavelmente gera, em detrimento da empresa notificante, clara insegurança jurídica, até mesmo porque o montante integral do capital social do Instituto de Ensino Giusto 5 não é suficiente, sequer, para custear um ano do valor dos aluguéis decorrentes dos contratos locatícios firmados e estabelecidos”, diz trecho.
Além desse ponto, os contratos de aluguel têm outras cláusulas determinando locação de 30 anos, com multa equivalente a dez anos de aluguel, o que totalizaria R$ 42 milhões — uma exigência feita pela própria Cognitas. As discussões giram em torno de sete propriedades onde estão instaladas as escolas.
Há ainda questionamentos sobre o Giusto 5 não ter promovido aumento de capital após a aquisição do Máxi, que, recentemente, teve seu capital social elevado de R$ 89,9 milhões para R$ 95,3 milhões.
“Mesmo após vultosa aquisição, não houve pelo Instituto de Ensino Giusto 5 Ltda qualquer aumento ou majoração de Capital Social. Tais fatos não só reafirmam o propósito desvirtuado da operação de compra em comento como são passíveis e podem resultar, inclusive, em ilícito tributário e fiscal, o que será objeto da necessária investigação, inquestionavelmente”, diz outro trecho da notificação extrajudicial.
Segundo fontes, antes de o colégio Maxi ser vendido para o grupo Giusto 5, a Cognita tentou vendê-lo para outras redes de educação básica, sem sucesso.
O grupo inglês adquiriu o Maxi em 2019, mas, desde então, o número de alunos vem caindo de forma expressiva e, atualmente, está em cerca de 1 mil estudantes. A Cognita argumenta que a comunidade local não se adaptou à adoção de novas metodologias pedagógicas. O Giusto 5 informou que o Máxi voltará a ser uma escola focada em aprovação em vestibular.
Procurado pela reportagem, Bruno Chaves, CEO do Giusto 5, afirma que a “Still [holding dos proprietários] está atuando ativamente para prejudicar a operação, especialmente na pessoa do Ubiracy [Andrea, um dos fundadores]. Além disso, nenhuma informação da notificação procede”.
Sobre o capital social do seu grupo não ser suficiente para arcar com as locações, Chaves disse que o faturamento anual do Giusto 5 é de R$ 25 milhões e do Colégio Máxi, de R$ 20 milhões.
A Cognita informou que não irá comentar porque os termos da operação são confidenciais, e a holding dos proprietários dos imóveis informou que também prefere não se pronunciar.