Queremos a prova final, Jair Messias

Por José Antonio Pedriali

Idolatrado e eterno presidente Jair MESSIAS Bolsonaro:
Assistimos ao senhor sendo transportado de maca do helicóptero ao hospital da Rede D’Or em Brasília.
E ficamos apreensivos!
Assistimos ao senhor andando (sem camisa) com extrema dificuldade pelos corredores do hospital, cercado de gente com e sem jaleco, com e sem terno, no dia seguinte à cirurgia de desobstrução intestinal. O senhor estava tão combalido que fez lembrar Cristo carregando a cruz rumo ao Gólgota. Vivíamos a Quaresma…
E ficamos lacrimejantes!
Assistimos ao senhor deitado na cama entupido de fios, sondas e esparadrapos, cercado pela devota Michelle, que, na Quinta-feira Santa, emulou o Lava-pés de Cristo massageando carinhosamente seus pés – pés calejados de tanto servir à Nação – antes de vesti-los com um par de meias amarelas (faltou o verde, mas isso é detalhe).
E ficamos comovidos!
Assistimos ao senhor sendo entrevistado longamente pelo SBT, a cujo repórter, contrariando seu histórico de animosidade em relação a esses profissionais (pois são todos esquerdopatas), respondeu com a paciência de Jó, a sabedoria de Salomão e a grandeza de César.
E ficamos embevecidos!
Assistimos ao senhor participando alegremente de uma live conduzida por seus filhos, com duração de duas horas, para propagandear um capacete esportivo que tem como marca seu sobrenome divinal (Assim que puder vou comprar alguns para distribuir aos meus familiares como relíquia dessa Sagrada Família).
E ficamos esperançosos!
Assistimos ao senhor dando piti ao ser intimado (por ordem de Xandão, o cruel cônsul da Justiça Pretoriana) por uma oficial de Justiça, a quem merecidamente tratou com o rigor que o caso exigia.
E ficamos envaidecidos de sua força moral!
Assistimos ao senhor sendo conduzido – com a expressão resignada de um mártir – ao cadafalso, digo, ao aparelho de tomografia.
E ficamos condoídos!
Assistimos – e ficamos felizes! – ao senhor informando que seu sagrado e tão castigado corpo voltara a manifestar “movimentação intestinal”, cuja nova paralisia era consequente da diabólica facada que um militante da esquerda lhe dera para impedi-lo de governar o Brasil (tentativa frustrada graças aos Céus, que o enviaram com a sagrada missão de impedir que o Brasil fosse dominado pelos comunistas!)
Assistimos ao senhor sendo submetido à dolorosa retirada da repugnante sonda nasogástrica, a cujo desconforto reagiu com a serenidade de um querubim.
E ficamos admirados de sua resiliência!
E como recompensa por toda a nossa aflição nos 21 dias em que esteve internado no generoso hospital brasiliense da Rede D’Or, que permitiu generosamente que o senhor expusesse seu drama de forma tão explícita, como nunca antes na história deste país, o senhor nos mostrou, pouco antes de voltar à libertas quae sera tamen!, imagem de suas vísceras sendo manipuladas durante a cirurgia a que se submeteu.
E ficamos convulsionados de dor e solidariedade!
Obrigado, muito obrigado, muitíssimo obrigado, presidente eterno Jair Messias Bolsonaro!
Sabemos que a exposição teve a finalidade de permitir que compartilhássemos com o senhor de mais esse drama de sua heroica e profícua trajetória política e fortalecêssemos nossa convicção de que está sendo vítima de uma conspiração diabólica, que, entre outras aleivosias, acusa-o de tentar um golpe de estado para permanecer no poder. O poder que lhe foi subtraído pelas urnas eletrônicas corrompidas pelo vírus Nine Fingers. O poder que vai recuperar o mais rapidamente possível, pois nossos destemidos soldados no Congresso Nacional serão vitoriosos na cruzada pela anistia e devolução dos seus sagrados direitos políticos.
Mais uma vez: obrigado, muito obrigado, muitíssimo obrigado, querido presidente eterno Jair MESSIAS Bolsonaro!
Para completar nossa alegria, recompensar nossa devoção, fortalecer nossa crença de que está recuperado, mostre-nos, por favor e o quanto antes, a prova definitiva: o registro do ato de defecção, de vários ângulos, seguindo da exposição do Santo Estrume que voltaste a produzir para o bem e glória do Brasil – o Brasil verde-amarelo, que jamais será vermelho, nem mesmo na camisa da nossa Seleção!
Queremos ver – e idolatrar – seu Santo Estrume, queremos!
E ficaremos extasiados!
Do seu adorador e discípulo,
que se despede ajoelhado:
José Patri Otário da Silva