Trump conquista vitória histórica nos EUA
Por Delmo Menezes/Agenda Capital
Após quatro anos fora do poder, Donald Trump retorna à Casa Branca para vencer a democrata Kamala Harris em uma disputa histórica, consolidando-se como o 47º presidente dos Estados Unidos. A vitória, definida com pelo menos 277 votos no Colégio Eleitoral e uma ampla margem no voto popular, marca o retorno triunfante de Trump à cena política americana e reforça o crescimento da direita globalmente.
A expectativa de vitória se consolidou nas primeiras horas desta quarta-feira (6), com projeções do The New York Times apontando 91% de chances de vitória para Trump por volta das 01h (horário de Brasília). À medida que os estados obtiveram a confirmação de resultados, sua vantagem tornou-se incontestável, especialmente com triunfos em estados-chave como Carolina do Norte, Geórgia e Pensilvânia, além de outras regiões que tradicionalmente apoiam o Partido Republicano.
Durante seu discurso de vitória, realizado em Palm Beach, Flórida, Trump apresentou um tom mais conciliador do que a campanha, sinalizando disposição para unir o país. “Vamos curar nosso país, que precisa muito de ajuda. Vamos restaurar nossas fronteiras e muitas coisas que precisam ser consertadas. Isso será realmente uma era dourada para a América”, afirmou. Evitando citar diretamente Kamala Harris, ele pediu a união entre os americanos e ressaltou: “É hora de deixar para trás as divisões dos últimos quatro anos.”
Ao lado de Trump, sua esposa Melania e os filhos Barron, Don Jr., Eric, Ivanka e Tiffany participaram do evento, simbolizando o apoio da família em sua trajetória de volta ao poder.
Desafios e promessas para o novo mandato
Trump assume o governo em meio a um cenário interno e externo complexo. Ele recebe uma nação marcada pela inflação elevada, que impactou o custo de vida dos americanos durante os últimos quatro anos sob a administração democrata. Trump promete enfrentar de frente questões de imigração, com planos para deportar milhões de imigrantes ilegais, além de revitalizar a economia e promover políticas protecionistas, especialmente em relação à China. Seu retorno ao movimento “Make America Great Again” reforça a promessa de restaurar o padrão econômico pré-pandemia, lembrado pelos concorrentes como um período de prosperidade.
Na política externa, Trump terá que lidar com resistências persistentes, incluindo o conflito na Ucrânia, a situação no Oriente Médio e a concorrência com a China. Seu governo também enfrentará questões de segurança e dependência química, além de desafios no setor de saúde e na transição energética.
Trump será o presidente mais velho a tomar posse, aos 78 anos, superando o seu antecessor Joe Biden. Ele também é o primeiro, desde Grover Cleveland, em 1893, a ser eleito após perder uma reeleição e o único a retornar ao cargo após uma instrução criminal em primeira instância. Essa eleição, no entanto, foi vista como um voto de confiança dos americanos na plataforma conservadora e nas políticas de imigração rigorosas, além de um repúdio ao aumento da inflação e à polarização ideológica.
Uma campanha marcada pela retórica agressiva e ataques aos adversários
A campanha de Trump foi pautada por um discurso intenso contra a imigração e pela promessa de restaurar uma “América forte e segura”. Em eventos, ele reafirmou a intenção de deportar imigrantes ilegais e acusou a imigração descontrolada de “envenenar o sangue do país”. Além disso, sugeriu que “usaríamos” o Departamento de Justiça para processar políticos rivais, como a deputada republicana Liz Cheney e a própria Kamala Harris. Durante a campanha, Trump também criticou a mídia americana e promoveu teorias questionáveis sobre os imigrantes, criando um cenário de tensão e violência em algumas regiões.
Entre os episódios mais marcantes da campanha, Trump sobreviveu a uma tentativa de assassinato em julho, durante um comício na Pensilvânia, em que foi atingido de raspão por um tiro disparado de um prédio próximo. Ele aproveitou o episódio para fortalecer sua imagem de líder forte e resiliente. Meses depois, um segundo atentado foi frustrado na Flórida.
A candidatura democrata teve uma reviravolta inesperada quando, diante do favoritismo de Trump nas pesquisas e de seu crescimento em estados decisivos, Joe Biden desistiu da corrida e passou a liderança para Kamala Harris. A mudança gerou um aumento na competitividade, mas, ao final, a estratégia de Trump, focada nas dificuldades econômicas atuais e na segurança das fronteiras, garantiu sua vitória.
Um novo capítulo para a direita americana
O retorno de Trump representa não apenas uma resposta ao governo democrata, mas também um sinal de que a direita americana continua forte e crescente. As medidas de imigração e apoio à exclusão de políticas identitárias sinalizam uma orientação conservadora que vai além das fronteiras dos EUA, influenciando o cenário político global.
Com um discurso de força e nacionalismo, Trump retorna prometendo uma era de estabilidade e crescimento. Sua vitória revela um cenário político americano dividido, com muitos cidadãos esperançosos por mudanças e com outros recebidos diante de um líder que promete profundas transformações.