Bolsonaro usa o caos para desviar sua incompetência
Por Alcântara Almeida
Prezado Osti, sempre tive algumas ressalvas ao trabalho em relação à política do SUS do Ministro Mandetta, ele tem uma visão de privatização da saúde pública afinada com a proposta do Bolsonaro.
Contudo, em relação a sua estratégia a pandemia do COVID-19 passando a perceber a importância do SUS e seguindo adequadamente os preceitos científicos e da OMS não há o que possamos criticar, pelo contrário, devemos elogiar suas atitudes e suas posições. E por isso, criou, aquilo que o Bolsonaro precisava para desviar a sua incompetência na falta de governabilidade do país e da economia, um novo embate contra o vírus e tudo que está nas teorias das conspirações olavianas, terraplanistas e ungidas pelo fanatismo religioso.
Em relação a sua lembrança da opção de Bolsonaro pelo embate tenho uma opinião que discorro aqui:
Esse indivíduo jamais esteve preparado para qualquer cargo público e sempre demonstrou isso em sua história pífia como legislador.
Sua base reacionária de eleitores é historicamente explicada na tendência brasileira pelas elites patrimonialistas e corporativas, ditaduras, messianismo e fascismo. Da colônia ao império e depois na república. Jamais fomos de fato uma república ou optamos pela democracia. Nossa tradição política é a do coronelismo, do patriarcado e não temos partidos políticos. O que temos são legendas de aluguel que se adaptam a cada eleição.
A cada eleição candidatos a messias e salvadores da pátria, sem o compromisso com uma ideia aparecem aos montes. Uma república de fato tem a tradição em partidos com ideologias definidas e concretas que respaldam o exercício democrático, a Constituição e o Estado de Direito.
Nós temos uma miscelânea com mais de trinta legendas registradas, partidos de fato nenhum. E comprova a fragilidade dos partidos em relação a esse messias e salvadores da pátria. O Bolsonaro é um exemplo dessas legendas de aluguel, filiou-se a vários partidos e foi se adaptando a eles até chegar ao PSL e plantar seu “laranjal”, e depois deixá-lo porque não tem ideologia, aliás sua ideologia é o ego.
Faz uso do senso comum para distorcer o conceito de ideologia e outros vários conceitos. Busca inimigos imaginários igual aqueles que sofrem de esquizofrenia paranoide e seguindo o manual fascista e seu idealizador Joseph Goebbels estrategicamente acredita que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.
Isso principalmente replicado milhões de vezes pelos robôs da indústria da Fake News em tempo de surfar pelas redes digitais. Que como sabemos é terra de ninguém, ou seria uma “informaré” cantada por Gilberto Gil.
Alcântara Almeida, professor e filósofo