São os caixões de março fechando o verão
Por Lúcio Flávio Moura, especial para o blog
Ou nos resignamos ou não perceberemos o quanto estamos perdendo de nós mesmos em intubações fracassadas.
No bip do aparelho, a verdade não está paramentada: há uma falência vital.
Há um vazio – um vazio brutal – no lugar do oxigênio.
Ou nos sensibilizamos ou não reconheceremos este tempo de não-vida, este tempo de marcha medida, na qual liberdade rima com morte.
Ou nos humanizamos ou não entenderemos que um pulmão pode definhar com esta atmosfera de não-afeto que nos confina na mediocridade.
Nos leitos que nos separam, há apenas inconsciência individual.
O luto em todo minuto, a lágrima sem ritual, a cova estocada em chão de desespero.
Lidamos, enfim, com nossas piores escolhas.
Ou nos unimos ou esta bandeira a meio mastro vai tremular sem testemunhas por tanto tempo que não poderemos suportar.
Que pena, Brasil!
Lúcia Flávio Moura nos consola com suas palavras sensíveis e certeiras. Obrigado