Carta ao senhor Sérgio Malucelli
Por Auber Silva
Não pense que a torcida do Londrina – me refiro àqueles que o têm como único time, que vão a todos os jogos independente do adversário ou da posição na tabela, que se esforçam para comprar cada ingresso ou para pagar o sócio – não é grata ao senhor. Somos todos muitíssimo gratos. É vergonhoso ter que admitir isso. Eu queria que o Londrina pudesse se manter com as próprias pernas, ter na presidência um torcedor como nós, um empresariado forte apoiando financeiramente o clube, jogadores que tivessem identidade com o time e fossem apaixonados como somos. Enfim, eu queria que tudo fosse muito diferente, mas a realidade é outra e precisamos aceitá-la. A cidade deu as costas ao time, dirigentes corruptos nos levaram às últimas divisões, nos tiraram décadas de futebol e também o prazer de torcer. Por esse resgate de nossa história e nossa grandeza, somos gratos a você.
Essa gratidão, no entanto, não significa que seremos eternamente subservientes, que seremos gado.
Não somos gado.
Somos pessoas, temos opinião, entendemos de futebol e sabemos muito bem quando o time tem esquema tático e vontade de vencer, assim como sabemos identificar em apenas cinco minutos – como hoje fez o Cruzeiro – que nosso time não passa de um catado arremessado ao campo sem qualquer jogada, ainda preso a um esquema de jogo que nos tirou da 2ª divisão do Paranaense, mas que atualmente já não é mais condizente com a situação em que nos encontramos. Nós, torcedores, assistimos aos jogos dos outros times da Série B. Todos quanto nos seja possível – o senhor também o faz? O Tencati assistiu ao CRB pela Copa do Nordeste, viu Avaí e Bragantino pela Copa do Brasil, enfim, vocês fazem isso? Aparentemente, não. Caso contrário, estariam desesperados como eu.E como não somos gado, queremos ser respeitados como pessoas, como apaixonados por um time e não pelo senhor, pela sua empresa ou pelo seu dinheiro. Aliás, nos manifestamos hoje porque sabemos que o Londrina deu um considerável salto de faturamento de 2011 para cá. O investimento, aparentemente, aumentou, mas nem tanto. Sabemos, também, que é necessário investir para ter resultado em campo e, depois disso, público. Aliás, poucos times ainda acreditam que a renda dos jogos seja tão importante como você aparenta acreditar. Cota de televisão, premiações, patrocínios e programas de sócio-torcedor bem-executados respondem pela maior fatia de faturamento dos clubes que se profissionalizaram. No estádio, mais vale ter 15 mil pessoas a R$ 20,00, mais vale agregar, trazer as famílias, as crianças, criar o torcedor que virá a todos os jogos daqui a quatro ou cinco anos. Neste quesito, o senhor precisa aprender muito. Há de se fazer investimentos sérios e planejados de marketing e esperar os frutos brotarem. Não se aumenta significativamente a torcida de um time de um ano para outro. Há de se vencer campeonatos, jogar bom futebol, apresentar campanhas sólidas, ter jogadores identificados e uma série de outros fatores para cativar as pessoas e torná-las verdadeiras torcedoras e, por tabela, consumidoras da agremiação e seus produtos. Isso não acontece do dia para a noite, ainda mais com alguém tão antipático, tão intolerante e intempestivo como o senhor à frente do clube.
Como torcedor do Londrina há muitos anos, quando nem mesmo sabia quem era Sérgio Malucelli – aliás, quem sabia antes do Londrina? Juan Figger, Luxa, a turminha de Curitiba, a turminha de Irati, alguns empresários do meio do futebol, quem mais? Quem mais? -, não aceito o entreguismo demonstrado pelo senhor antes mesmo de o Cruzeiro passar pela Campinense. Isso é patético. O futebol deve ser movido por um constante e sempre crescente espírito de vitória, necessariamente atrelado à gana de conquistar e crescer. No raciocínio do senhor, é impossível conceber um Audax, um Leicester ou até mesmo o pequenino PSTC, que acabou nos desbancando nesse Paranaense – chegou à Semifinal, que é o que importa, título do interior é uma excrecência que precisa ser extirpada o quanto antes. Se formos falar de Copa do Brasil, como explicar Santo André e Paulista? Se fossem geridos pelo senhor, jamais teriam jogado uma Libertadores. O formato da competição mudou, é verdade, está mais difícil para o Londrina chegar a uma final, mas há que se acreditar, há de colocar o coração na ponta da chuteira, precisamos ser apaixonados e estupidamente esperançosos. Isso é futebol. Só assim conseguiremos crescer – mesmo que sejamos derrotados muitas vezes nesse caminho, sempre com a cabeça erguida.
Esse espírito de vitória é muito comum no amadorismo, onde vários jogadores mantêm seus trabalhos cotidianos e ainda assim se esforçam para vencer no final de semana. Atualmente, vejo que nossos jogadores andam sem essa vontade. O que houve? De quais segredos de bastidores estamos e estaremos inexoravelmente privados?
Amadorismo, aliás, que só é visto fora das quatro linhas. Posso justificar essa frase com apenas duas situações, uma de hoje – a ausência de um gerador preventivo – e outra do começo do ano – o caso dos seis pontos perdidos. Precisamos de mais profissionalismo fora de campo e mais amadorismo – no sentido do amor, da paixão – dentro.
Poderia citar também como você está completamente equivocado sobre o sócio-torcedor e a maneira de gerenciá-lo, mas vamos deixar essa para a próxima, já escrevi demais.
Espero que este texto chegue ao gestor. Ele tem méritos, mas não habita o Olimpo e jamais o fará.
Como tem gente com tempo de só criticar. Poderia ajudar mais o clube ou buscar o que fazer.
Já tivemos vários presidente-torcedores e deu no que deu, caímos até para a segunda divisão do paranaense. Quase que o clube acabou, como ocorreu com vários em Maringá e outras cidades do Paraná.
Claro que a torcida tem o direito de exigir um time melhor, mas faça uma comparação de agora com o antes de Sérgio Malucelli.
Perder para o Cruzeiro não é feio, feio é perder a vergonha e sermos motivo de chacota, como aconteceu em rede nacional o episódio da troca de bois por salários de jogadores.
Acredito que temo no comando do clube e da gestão pessoas séria e que querem subir para a série A, como aconteceu quando estávamos na série D.
É preciso ter um pouco de paciência e apoiar mais. Não há como reclamar se apenas 2 ou 3 mil torcedores, num universo de mais de um milhão de habitantes da região compareçam aos jogos do nosso Tubarão.
Exigir sim, mas ser mesquinho, não !
A série A está logo alí, basta darmos apoio e comparecermos aos jogos , aumentando com isso a arrecadação do clube e, consequentemente oferecermos maiores possibilidade para que a diretoria, ou o gestor, possam contratar melhores jogadores.
Força Tubarão, estamos juntos !!!!!!!.
Cirúrgico! Belo texto Auber.
Abraços
o time merece a torcida que tem . pouco mais de 3 mil torcedores para um jogo de fundamental importância . é o que temos e infelizmente é o que merecemos
Se não fosse o Maluceli o Londrina continuaria onde estava senhor Aubener. Jogar pedra é facil. Porém, onde estava quando o time nada era.