O Ouro de Sangue da Amazônia

Por  Prof Walace Oliveira

A vida infelizmente parece imitar a arte, sempre de modo trágico. No Brasil vivemos várias guerras, nas periferias, nas florestas e na terra (zona rural). O caso de Bruno Pereira e Don Philips, é mais um como tantos outros noticiados todos os dias, mas especificamente, ele mostra o cruel abandono e descaso da Amazônia e que ela é “terra de ninguém”, aliás querem que seja, principalmente certos interesses. Temos ainda as Crianças ianomâmis violentadas por garimpeiros, a aldeia que sumiu e muitas outras, isso tudo em menos de um mês e o silêncio é ensurdecedor.
Uma dessas guerras é a do OURO DE SANGUE, que silenciosamente imita o filme “diamante de sangue” de Leonardo de Caprio. A maior parte da Amazônia fica no Brasil, não toda a Amazônia. As vítimas dessas guerras são sempre os pobres, negros, mulheres, indígenas, LGBTQI+, pequenos agricultores, quilombolas e ribeirinhos.
Desde a campanha eleitoral de 2018, essas guerras são incentivadas pelo discurso do ódio, do desrespeito e da intolerância. O brasileiro não conhece a Amazônia e não quer conhecer a sua realidade. Mas, já esperava isso de parte dos brasileiros, que de forma geral sempre teve tudo isso escondido, basta lembrar a história. Somos o colonizado que deseja ser colônia, não nos aceitamos, não nos assumimos e não respeitamos quem somos, negando as culturas negra e dos povos originários, eles querem ser só brancos, mas não somos.
Por um período, essas pessoas estavam escondidas, mas a máscara caiu e todas sairam dos porões, aliás sua terrível face apareceu. Elas marcharam em 2016 como “homens de bem”, “cristãos” e “defensores da família” contra a corrupção (uma farsa), na verdade só queriam escolher o seu corrupto e iniciaram um processo de destruição de tudo que é Público. Porém, só levantaram masmorras a tirania com seu apoio e silêncio, e se o justo se cala, o malfeitor cresce, e o justo se torna cúmplice do malfeitor.
O crime organizado toma conta de todo o país, e na região norte ele organiza a grilagem, garimpos ilegais, assassinatos a ativistas e invasões de terras indígenas, aproveitando o incentivo que é dado pela desmobilização dos órgãos fiscalizadores e implícito nos discursos e falta de ação daquele que deveria agir, o Estado. A anomia instalada. Sem a proteção da lei, o fraco sempre sucumbe diante do forte e do egoísmo.
Não podemos esquecer das milícias, que se institucionalizam pelo país. Também temos determinadas “religiões”, que entram nas terras Indígenas para “converter”, e estão lá sem autorização, cometendo um crime cultural ao trocar o divino dessas etnias pelo seu. Temos muitos crimes e esse espaço é pequeno para tanta indignação.
Contudo, tal qual o filme temos ainda uma triste reflexão, o mundo também se cala diante de tudo isso. Basta ver que os ricos europeus, asiáticos e norte-americanos se unem a ridícula elite brasileira sedenta de mais ouro, madeira e tudo que Amazônia tem. Até quando? Que todos tenhamos consciência, não COMPREM o OURO DE SANGUE MAIS.

Prof. Walace, um Pé Vermelho da Amazônia

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Um comentário

  1. Mateus Oliveira

    O pior problema é quando o governo protege o criminoso e legaliza o produto do crime.

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