A banalidade da violência e o impacto na sociedade

Por Ricardo da Guia Rosa

A banalidade da violência, o ódio na veia, as armas em punho, a intolerância, o ataque, os tiros, as facadas e os espancamentos no cotidiano, matando inocentes por nada. Três crimes no Paraná em três dias: um jovem trabalhador fulminado com três tiros após uma discussão de trânsito em Cascavel, que absurdo! Uma mulher morta com facada no pescoço ao intervir num bate-boca por alguns reais dentro de ônibus do transporte coletivo de Curitiba, que horror! Um estudante de Engenharia executado com vários tiros ao tentar separar uma briga entre duas mulheres, que barbárie!

A violência banal de quinta a sábado, no nosso quintal: Cascavel, Curitiba e Maringá. Poderia ser em Londrina, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu. Ou Cambé, Ibiporã, Rolândia, Arapongas, Apucarana… Como podem as pessoas simplesmente sacar uma pistola e disparar para matar em questões corriqueiras? Dois assassinatos, certamente serão tipificados, envolvendo autores sem ficha criminal. Um outro homicídio praticado por um fichado, o que não justifica nem diminui a incompreensão sobre como o ser humano age e reage quando imagina que pode tudo e encontra ambiente para ser violento.

Os fatos são noticiados, os inquéritos abertos, a Justiça é acionada. E as vidas? São três inocentes mortos: um a caminho do trabalho, outra no ônibus e o terceiro na diversão da juventude. E tudo fica assim? Onde está a reflexão sobre o que está acontecendo? Está mais fácil comprar e portar armas? A cultura da pistola, do fuzil, dos morteiros e das metralhadoras se disseminou assim tão rapidamente e aniquilou a indignação?

As três mortes em três dias no Paraná precisam ser analisadas como distúrbio individual ou como perigoso indício da banalidade da violência? As pessoas vão resolver nos tiros, nas facadas, na porrada? Pretensiosamente pensando que agora é assim mesmo: viro caçador/predador, compro a arma que quero, tenho a licença para atirar e fujo do flagrante?

É a degradação da vida em sociedade e das relações humanas. Reação na bala e na faca para matar. Simples, atiro e corro. Não é questão de leis e do Direito, mas sim de tirar uma vida e depois ver o que vai acontecer. É aí, fica por isso mesmo? A violência jamais pode se afirmar como uma banalidade e repetir três mortes em três dias, na nossa vizinhança, do nada.

Ricardo da Guia Rosa – jornalista em Londrina

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2 Comments

  1. Glaucia

    Correto.
    Ficou perigoso se expressar, ainda mais nesse ano eleitoral.
    Ficou perigoso um simples passeio ao shopping numa tarde. A gente pode ser vítima de bala “perdida”.
    Triste 2022.
    E tudo começou em 2018, quando 57 milhões votaram no Bolsonaro, o grande responsável, incentivador, defensor da violência simbólica ou armamentista.
    Não podemos repetir 2018.
    Será trágico.

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