01/04/1964, uma data para não esquecer a história da tortura e ódio no Brasil

Por Walace So

Buenas Pequena Londres, aí do lado da beira do Lago Igapó, para cá do lado da beira do Rio Madeira em terras da Amazônia, sigo tocando em frente, um Pé Vermelho agora beiradeiro.
Os militares deram um golpe na democracia brasileira no dia 01/04/1964, eles censuraram, prenderam e torturaram inocentes durante 20 anos, que são considerados os “anos de chumbo” em nossa história, essa é verdadeira data do golpe da ditadura militar. Mas, o grande receio dos militares era o brasileiro fazer piada com a data, por isso eles tiveram a ousadia de comemorar uma data tão vergonhosa um dia antes, mostrando a grande farsa da “comemoração”.
Alinhados aos E.U.A. durante a guerra fria daquela época, aliás, lembremos que os americanos patrocinaram todas as ditaduras militares da América Latina. Ressaltando que militares brasileiros e americanos não gostam de democracia, essa é uma verdade, só gostam da ideia que eles acham que é democracia.
Qualquer pessoa que queira estudar a corrupção dos militares brasileiros daquele período, tem que buscar nos anais históricos da Alemanha, Inglaterra, França e E.U.A. que tinham negócios com a ditadura militar, para obter registros verídicos da corrupção que corria aqui e não falta material de pesquisa.
Um exemplo foi o reconhecimento público da Volkswagen, que assumiu sua colaboração na delação de funcionários “suspeitos” naquele período. Foi uma época de verdadeira “caça às bruxas”, que resultou no rapto, prisão e tortura de inocentes em nome da família, Deus e da pátria (será mera coincidência com um certo slogan de campanha?) sem direito a um julgamento.
Pensar naqueles dias era um ato perigoso, expressar o pensamento era sua condenação. O Brasil jamais teve um projeto comunista em sua história. E nossas elites não têm outra ideologia que não seja sua manutenção no poder. O brasileiro não conhece seu processo histórico, nossa independência foi uma negociata da elite, o marechal que proclamou a República era monarquista, todas as revoltas populares da nossa história foram massacradas, e não foram poucas como grande parte da população acredita. Não somos uma nação pacífica. As elites só se importam com elas e como manter seu status quo, e para isso, aceitam qualquer atrocidade, além do que sempre vivemos ditaduras em nossa história da colônia a República.
Brilhante Ulstra foi um assassino, julgado e condenado pelos seus crimes, ele é um “falso herói” dos reacionários filhos do ódio que querem reviver essa herança e roubaram a nação de sua inocência e liberdade. O autoritarismo usou a Lei da Anistia para esconder seus crimes, são covardes, nada mais que isso. Hoje são os mesmos que invocam o direito da “liberdade de expressão”, mas são eles que fecharam o congresso nacional, que decretaram a censura e só aceitam a liberdade de expressão quando é a deles, para os outros ela não existe.
O Brasil é no mundo atual das redes sociais, um dos maiores exemplos da banalidade do mal, claro que depois da época da Alemanha nazista. Dito isso, bora refletir o perigo que ainda vivemos, assim, jamais podemos esquecer o que foi o golpe militar e a ditadura militar, para impedir seu retorno.

Walace Soares de Oliveira, cientista social pela UEL/PR, mestre em educação pela UEL/PR e doutor em ciência da informação pela USP/SP, professor de sociologia do Instituto Federal de Rondônia (IFRO).