Por Fábio Cavazotti
Poucas vezes tive a oportunidade de acompanhar tão de perto uma ideia ruim nascendo, se desenvolvendo e produzindo resultados tão previsivelmente negativos. É triste, mas assisti do início ao fim (https://www.pacocacomcebola.com.br/destaque/equipe-de-transicao-de-tiago-amaral-pede-para-que-sejam-retirados-projetos-de-lei-que-garantem-sede-para-ippul-e-codel/; https://www.pacocacomcebola.com.br/destaque/a-sede-da-codel-e-mais-um-improviso-da-administracao-do-novo-tempo/) .
Esta semana, a Folha de Londrina mostrou que a Prefeitura de Londrina reduziu em 75% as compras públicas junto a empresas locais nos primeiros seis meses do ano, em comparação com 2024 (último ano da gestão do ex-prefeito Marcelo Belinati). O crescimento do Compra Londrina até o ano passado era resultado de uma forte parceria entre a Prefeitura, Acil, Sebrae, Observatório de Gestão Pública, NIGEP/UEL e tantos outros órgãos e entidades.
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A explicação do atual Secretário de Gestão Pública para o tombo nas compras locais foi a falta de espaço para as licitações presenciais. Segundo ele, houve “dificuldades” no compartilhamento do espaço com outras secretarias, “prejuízo” para o agendamento dos certames e “represamento” de pregões presenciais.
Esse é o resultado da história a que me referi no começo. Ela remonta ao período de transição entre o governo anterior e o atual. Eu ocupava a presidência da Codel após ter ocupado a Secretaria de Gestão por sete anos.
Uma das últimas ações de nossa administração (Marcelo Belinati) foi o processo de permuta de um imóvel da Prefeitura por um prédio novo, próprio, para se tornar a sede da Codel e do Ippul. Sem custo financeiro, apenas permuta patrimonial, e com recursos de torna (o proprietário teria q devolver R$ 600 mil para a Prefeitura) que seriam usados para equipar o Ippul e Codel.
Se tivesse sido levado adiante, neste momento a Codel teria a melhor sede de sua história, à altura dos desafios do desenvolvimento de Londrina, e o Programa Compra Londrina continuaria com as salas de licitações à disposição como sempre teve.
Acontece que, na Câmara Municipal, após aprovação por unanimidade em primeira votação, a atual gestão entrou no processo ainda antes de tomar posse e se colocou contra. Procurou os vereadores, que na ânsia de agradar ao novo prefeito, deixaram de analisar os prós e contras e reprovaram o projeto.
À época (eram os últimos dias da gestão anterior) os representantes da nova gestão não apresentaram argumentos técnicos. Alegaram apenas que seria apresentada uma alternativa melhor.
A alternativa melhor não veio, então, nos primeiros dias de 2025 a atual gestão retirou a licitação de suas salas para alocar, às pressas, a Codel naquele espaço.
E colocou a sala de licitação na situação que, segundo o atual secretário de Gestão Pública, vem gerando “prejuízos”, “represamento” e “dificuldades”. E que segundo ele explica a perda de pelo menos R$ 60 milhões de compras no mercado local (deixando de gerar renda, empregos e oportunidades em Londrina, para gerá-las em outras cidades).
A situação não ficou boa também para a Codel, cuja estrutura encontra-se completamente improvisada num espaço muito inferior ao necessário.
Conseguiu-se com uma cajadada só prejudicar dois importantes órgãos e programas. Um espanto.
Na reportagem da Folha, o atual vice-presidente da Acil declarou que apesar do resultado negativo, entende que a atual administração vem demonstrando “interesse em manter e ampliar o programa”.
Parece pouco.
O vice-presidente da Acil foi porta voz da nova gestão durante a transição e defendeu descartar o processo que dotaria a Codel de sede própria e manteria o Programa Compra Londrina com sua estrutura intacta – e nisso contou com o apoio entusiasmado do representante do MasterPlan, também membro da transição. Fiquei bobo na época…
Isso já seria muito, mas infelizmente não é tudo.
A queda de desempenho do Compra Londrina não se deve apenas a problemas de espaço, mas também por remoção de pessoal, falta de entusiasmo da liderança em relação às compras locais e uma visão distante que a atual gestão tem em relação ao dia a dia de Londrina.
Parece relevante lembrar que os três principais secretários municipais vieram de Curitiba para Londrina este ano. Por mais boa vontade e competência, são pessoas estranhas à história, à cultura, à velocidade das coisas e ao jeito de ser do londrinense.
Isso vem agregando ao cenário local assuntos de interesse discutível (para dizer o mínimo) como duplicação de salários de secretários e regulação de redes sociais privadas, dentre outros, mas não se agregam projetos e ações concretas para somar ao que já existe, o que afinal é a função de uma administração municipal.
O Programa Compra Londrina é um catalisador de desenvolvimento econômico sem ônus financeiro próprio. É gastar o que já se gastaria de uma maneira mais inteligente. Perder o que se investiu nisso é uma grande lástima não só para as empresas locais, mas para a qualidade dos serviços prestados, para a geração de empregos, arrecadação de impostos, etc, etc, etc.
É incontornável e urgente a necessidade de se restaurar uma sede adequada para a Codel (“a alternativa melhor”) para que a licitação também volte a dispor de espaço adequado e o Compra Londrina interrompa seu movimento de queda. O envolvimento de nossas entidades é fundamental neste contexto.
Essa é uma história que começou toda errada e que precisa de um novo fim.
Fábio Cavazotti, Jornalista
7 comentários
Cadê a Lenir Assis?
Nem fez sua parte como controlador e observador social.
Olhem isso:
O total dos uniformes recolhidos representa R$ 1.067.555,62 em valores aproximados. De acordo com a SME, havia peças armazenadas desde 2018, que foram se acumulando com as sobras dos anos seguintes.
https://www.bonde.com.br/bondenews/londrina/educacao-de-londrina-contabiliza-quase-60-mil-pecas-de-uniforme-sobrando
Até estoque jogado no lixo teve na prefeitura
https://blog.londrina.pr.gov.br/?p=190503
Ufa
https://blog.londrina.pr.gov.br/?p=196945
Até o que ele – Cavazotti – se meteu nas casas da Aeronáutica demorou e demorou:
PORTARIA GABAER/GC4 Nº 1.035, DE 12 DE AGOSTO DE 2025
Autoriza a Reversão de Imóvel da União, administrado pelo Comando da Aeronáutica, localizado no Município de Londrina/PR, à Secretaria do Patrimônio da União, e dá outras providências
O COMANDANTE DA AERONÁUTICA, de conformidade com o previsto no art. 77 do Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946, tendo em vista o disposto no §1º do art. 23 da Estrutura Regimental do Comando da Aeronáutica, aprovada pelo Decreto nº 11.237, de 18 de outubro de 2022, e considerando o que consta do Processo n° 67050.007734/2023-08, resolve:
Art. 1º Autorizar a reversão de Imóvel da União, administrado pelo Comando da Aeronáutica (COMAER) e sob a responsabilidade patrimonial do Serviço Regional de Infraestrutura da Aeronáutica de Canoas (SERINFRA-CO), localizado no Município de Londrina/PR, medindo 13.627,98 m², referente ao Tombo PR.025-000, RIP 7667 00087.500-4, à Superintendência do Patrimônio da União no Paraná (SPU/PR).
Art. 2º Delegar competência ao Chefe do SERINFRA-CO para representar o COMAER, a fim de efetivar a Reversão e dar provimento às ações administrativas pertinentes, junto à SPU/PR.
Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Ten Brig Ar MARCELO KANITZ DAMASCENO
https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-gabaer/gc4-n-1.035-de-12-de-agosto-de-2025-648214092
18 meses depois da frustração do Cavazotti
https://www.folhadelondrina.com.br/cidades/processo-para-prefeitura-ter-area-das-casas-da-aeronautica-e-frustrado-3244856e.html
Silésia Braga Nunes
E hoje na Folha de Londrina uma situação que faz a gente refletir: na mesma página uma notícia mostra os vereadores de Londrina aprovando um projeto ideológicque é pauta da direita e outra notícia sobre os vereadores de Cambé aprovando lei para atrair mais indústrias na cidade. Londrina afunda em ideologia vazia enquanto indústrias e empresas se instalam no município vizinho
Didi Mocó Sonrisal
E pensar que o Fábio Cavazoti foi um dos repórteres que desmontaram o escândalo do Antonio Belinati no ano 2000 heim?? Hoje virou um belinatista juramentado
Emílio Inácio
Será que a administração atual quer trocar o Compra Londrina por Compra Cambé ou Compra Amigos?
Empresário de Londrina
As gestões da Codel, do Ippul e Cohab precisam urgentemente redefinir suas prioridades e focar em suas atribuições principais. A visão da gestão anterior, presidida pelo inábil Fábio Cavazotti, priorizou a troca de sede luxuosa da Codel e a criação de cargos comissionados, mostrando uma falta de experiência e visão empresarial.
A proposta foi tão fora da realidade que foi recusada.
É hora de mudar o foco e priorizar a eficiência e a eficácia, começando com uma redução drástica nos gastos excessivos.
Isso inclui demitir 2/3 dos comissionados e reduzir a estrutura de diretorias e chefias para uma mais enxuta e eficiente. Só assim esses órgãos poderão cumprir seu papel de forma adequada e beneficiar a população de Londrina.
Blah Blah Blah
Sabe de nada “empresário”. Se soubesse não escreveria tanta besteira. Saia candidato, coloca essa sua proposta. Sem comissionado a máquina administrativa não anda. Servidor concursado não tem compromisso com governo, realizam apenas o que a Lei preconiza e estritamente em horário de trabalho pré-determinada e qualquer elevação no tom de voz do gestor é processo e dependendo do andar da carroagem greve. Problema do setor empresarial é a cegueira sobre a coisa pública, não há competição no ambiente público para vender produtos e serviços, a relação é outra. Sai da bolha, estude, frequente os ambientes públicos e vai verificar isso com os próprios olhos. Pergunte também aos ex-gestores empresários como é. Pergunte ao Kireeff porque ele não quis concorrer a reeleição.
Tóin
Parece o pipoqueiro Deivid Wisley escrevendo sobre Física Quântica com uso do ChatGPT