Adolescentes suspeitos de estupro virtual, atentados em escolas alimentadas pelas redes sociais, a banalização da falta de limite das redes sociais
Coluna Pequena Londres
Por Walace SO.
Buenas Pequena Londres, aí do lado da beira do Lago Igapó para o lado de cá da beira do rio Madeira em terras da Amazônia, sigo tocando em frente, um Pé Vermelho agora Beiradeiro.
Após, mais uma reportagem (televisão e jornais impressos) sobre os aplicativos que são usados como refúgio de extremistas e radicais, distorcendo a tecnologia, uma pergunta muito séria deve ser feita para a sociedade refletir antes de responder: vale manter a web sem regulamentação como as Big Techs, grupos políticos e religiosos querem? Por que esse interesse ferrenho, na falsa “liberdade de expressão” quando ela é criminosa? A mais nova é a plataforma Discord, e a tradução do nome desse aplicativo já diz tudo, discórdia.
Temos visto a imprensa noticiar e alertar desde o ano passado sobre a plataforma “Discord”, ela seria mais um avanço da tecnologia da sociedade em rede, dessa geração plugada e conectada. É um aplicativo que disponibiliza e compartilha mídias, podendo ser no formato de texto, voz ou vídeo, é a nova onda entre os gamers para sua interação. A tecnologia seria maravilhosa se o mundo virtual tivesse limite real e as pessoas tivessem respeito e bom senso.
Ao invés disso ela funciona como uma “batcaverna” às avessas, o porto seguro do mal, onde neonazistas, pedófilos, estupradores, desafiadores da automutilação, adeptos da violência sexual ou grupos criminosos se aproveitam da atual proposta de deformação do conceito de liberdade de expressão pelo pseudos “homens de bem”. A cultura do ódio e das violências está sendo justificada com o silêncio da sociedade. Isso é muito perigoso. Infelizmente a realidade é outra, esse aplicativo se tornou mais um local onde um lado sombrio se revelou nas pessoas.
Será que a geração atual de pais sabe de verdade o que seus filhos fazem em seus quartos ou celulares? Cada dia isso fica mais difícil de controlar ou de perceber, hoje as pessoas quando sentam à mesa e nenhuma delas conversa, cada uma olha seu celular e esquece-se de conversar. Já passamos por algo parecido, quando a televisão passou da sala de estar para os quartos. Precisamos repensar nossa comunicação e nossa relação humana, não dá para deixar algo tão importante para a tecnologia.
Regulamentação não é censura e limite não é mordaça, em ambos os casos, respeito e tolerância devem ser os parâmetros amparados pela legislação. A falta dela implica em abuso e distorção da realidade e justamente do respeito e tolerância que uma sociedade de diversidade deve ter. O que me preocupa é um legislativo mais comprometido em garantir seus benefícios e privilégios, do que construir leis adequadas à sociedade atual.
Bora refletir meu povo.
Walace Soares de Oliveira, cientista social pela UEL/PR, mestre em educação pela UEL/PR e doutor em ciência da informação pela USP/SP, professor de sociologia do Instituto Federal de Rondônia (IFRO).