Pequena Londres – por Walace So
Brasil, o país da escravidão, até quando?
Buenas Pequena Londres, aí do lado da beira do Igapó para cá do lado da beira do rio Madeira em terras da Amazônia, sigo tocando em frente, um Pé Vermelho agora beiradeiro.
O caso das vinícolas gaúchas é só mais um caso na triste realidade da tradicional e perpétua desigualdade social brasileira, aliás, ainda somos a “Belíndia”, esse foi o termo criado pelo economista Edmar Bacha em 1974 que mistura índices de Bélgica e Índia, ou atualizado pelo jornal inglês The Economist para “Italordânia”, fazendo uma analogia atualizada de índices de qualidade de vida e riqueza entre Itália e Jordânia. Que no fundo só mostra o abismo social com o sentido de ambos, pois sempre um termo ou outro reflete índices de um país rico junto com o de um país pobre ou em conflito.
Rotineiramente notícias de trabalho “análogo à escravidão” são veiculadas. Porém essa é a nova versão de escravidão, sempre tendo o envolvimento de grandes empresas e fazendeiros, enfim, são as grandes marcas e o capital, nada mais que isso. Bom, claramente também são os tradicionais defensores da selvageria e antropofagia (canibalismo) do mercado livre, pregando a ausência total do Estado, dos direitos sociais e civilidade. Isso em pleno século XXI, com avanços da ciência e tecnologia, porém não temos avanços de civilidade, humanidade e solidariedade, pelo contrário esses sentimentos não existem. Ousar refletir sobre a riqueza é sempre uma “ameaça” a estabilidade social, e isso é no mínimo tragicômico.
Qualquer pessoa que ouse chamar atenção sobre a maneira que esses “grandes empreendedores”, homens justos e de bem agem, logo são taxados e rotulados de agitadores, baderneiros, comunistas, socialistas e outras coisas mais. Qualquer empatia social com a classe pobre, os trabalhadores e explorados é vista como uma ofensa e atentado à liberdade de expressão ou individualidade. Diferente quando grandes investidores quebram empresas e querem a salvação do Estado, nessa hora ele tem que ser caridoso, com o investimento, triste. Isso é um movimento tão característico do liberalismo, pois o rico precisa da exploração para seu enriquecimento, acumulação da sua riqueza e para manterem seus privilégios e status quo.
E até quando e a qual custo esse movimento? Assim, a proposta é socializar o prejuízo aos necessitados e explorados, para subsidiar o enriquecimento cada vez maior da “menor” parte da sociedade (os ricos) que se alimenta justamente dessa exploração num país surreal, eles pagam sempre o mínimo da conta, de impostos, e assim caminha a humanidade para uma distopia apocalíptica.
Então, cara classe média, homens de bem, justos de verdade e tementes a Deus, vamos refletir e tentar responder até quando a escravidão será aceita e a que preço? Sem ideologias extremistas de esquerda, centro ou direita, mas pela compreensão da civilidade e humanidade.
Walace Soares de Oliveira, cientista social pela UEL/PR, mestre em educação pela UEL/PR e doutor em ciência da informação pela USP/SP, professor de sociologia do Instituto Federal de Rondônia (IFRO).
Ótimo texto e ótima análise…bem isso mesmo!!!